O assunto é delicado e merece pouca paixão política e mais análise econômica e social. Falo de toda a problemática que está sendo causada com a realização do Fest Verão no município de Cabedelo. O imbróglio poderia ter menos barulho se o prefeito daquela cidade portuária, Vitor Hugo (DEM), fosse um pouco mais responsável e aplicasse sua imagem de gestor utilizando máscara durante o evento.
É fato: existe um decreto estadual informando que as casas de shows podem funcionar com 80% da sua lotação máxima, sendo exigido o cartão vacinal e as normativas restritivas das Secretarias Municipais e Estadual de Saúde devem ser cumpridas.
O problema é que, em um show com 15 mil pessoas, cujo público, em sua maioria, é constituído por jovens, fazer com que todos usem máscaras, ou pelo menos parte do mesmo, é praticamente impossível.
E aqui falo necessariamente do Fest Verão que, segundo o secretário de Saúde de Cabedelo, Murilo Suassuna, apenas 50% do espaço foi ocupado, e os problemas detectados já foram devidamente notificados para que os organizadores do evento se adequem às exigências.
Dentre tais problemáticas, a colocação de uma barreira anterior à entrada do evento para que seja verificado o cartão vacinal, exigência do uso de máscaras para a compra de bebidas e comidas nos bares do evento, além da entrada e saída dos banheiros com o tal acessório. Outra exigência: a abertura dos portões às 14h, não às 16h, a fim de evitar aglomeração.
A diferença de um evento público e privado
Uma “guerra” válida, mas de pouca eficácia, está sendo travada não só na mídia, e sim em toda a sociedade. Muitos reclamam que eventos públicos como o réveillon – que já passou, claro – e outros, a exemplo do Folia de Rua e o Carnaval Tradição, que foram cancelados, possui um caráter de “segregação” social.
Na verdade, tal modelo adotado em diversos estados e municípios brasileiros tem papel inverso. Faz-se impossível solicitar, por exemplo, o cartão vacinal em um evento do porte do Folia de Rua, cujo um bloco, como as Muriçocas, pode aglomerar entre 700 mil e um milhão de pessoas.
Em um clube, casa de show ou similares, a economia gira, mesmo que minimante para todos, quer seja de forma direta ou indireta. Por isso vejo perfeitamente normal desacelerar os grandes eventos, ficando apenas os privados, que são mais fáceis de serem fiscalizados.
É sempre bom lembrar que quanto maior a aglomeração, mais propensa está a população em adquirir a variante da Covid-19, conhecida como Ômicron, além aumentar, ainda mais, a disseminação do subtipo H3N2 do vírus influenza que se espalha a cada dia em todo o país e, claro, no mundo inteiro.
Ainda sobre o Fest Verão
O dia foi três de dezembro de 2021, quando empresários, representantes da Prefeitura Municipal de Cabedelo e Ministério Público da Paraíba, considerando as exigências pautadas pela Secretaria Estadual de Saúde, formataram um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) para a efetivação do evento.
Então, é aquela história: cabe aos que estão nos shows – músicos, empresários, produtores e público – respeitarem a normas restritivas, caso contrário, em nada vai adiantar campanhas de incentivo à saúde e outros mecanismos que barrem o avanço da Ômicron ou a H3N2. E isso é válido, principalmente, para os gestores, inclusive o prefeito Vitor Hugo.
Educação e bom senso. Uma receita para todos!