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Opinião – O tresloucado discurso de Bolsonaro é estratégico: tirar proveito do trágico inevitável

Foto: Isac Nóbrega/PR

O discurso tresloucado e irresponsável proferido pelo presidente Jair Bolsonaro, em rede nacional de TV, na terça-feira (24), exortando a que todos voltem às suas atividades de rotina, em meio a uma pandemia, não é impensado. Aí tem coisa…

Primeiro: como pode o Ministério da Saúde reconhecer a extrema gravidade da pandemia, adotar medidas rigorosas de prevenção, em alinhamento com os governadores de Estado e a grande maioria da população, e o presidente da República ter um discurso completamente avesso. E ninguém solta a mão de ninguém no Governo…

Lógica

Só existe uma explicação para a inusitada situação:
1 – No campo da razão e da prudência, o governo, através do seu Ministério da Saúde, age como deve agir e, portanto, seguindo as orientações da Organização Mundial de Saúde (OMS) e em consonância com o que está acontecendo no resto do mundo.

2 – No campo da esperteza e da exploração político-eleitoral, entra em cena o presidente da República com uma lógica completamente inversa e que, se levada a efeito, e se não houvesse a ação do Ministério da Saúde e dos governadores, seria o caos absoluto. Bolsonaro, na contramão do mundo inteiro, em rede nacional, sugeriu que o País volte à normalidade; que o povo saia às ruas para retomar as suas atividades de rotina.

Objetivo

Qual a estratégia de Bolsonaro com essa dualidade de procedimento no seu governo? Nada mais, nada menos que tirar proveito de uma situação inevitável a se verificar a curto ou médio prazo.

O combate a pandemia, necessariamente, só surtirá efeito com as medidas que estão adotando tanto os governadores de Estado quanto o Ministério da Saúde destacando-se, nesse cenário desolador, o isolamento social.

Tais medidas radicais são imperiosas, mas têm um alto preço na economia do País, porque a engrenagem produtiva praticamente para.

Resumo da Ópera

Ou cuidamos de salvar vidas, com o inevitável abalo na economia; ou cuidamos da economia e deixamos a pandemia tomar conta voltando às tristes cenas só vistas no tempo da peste bubônica, com estimativa de ter matado mais de 50 milhões de pessoas entre 1343 e 1353, a gripe espanhola (1917), com estimativa entre 17 e 100 milhões de mortos ao redor de todo o mundo, etc.

Estratégia

A estratégia embutida no discurso irresponsável do presidente objetiva, num futuro próximo, tirar proveito da provável situação: a mortalidade terá sido evitada com as medidas, ora em andamento, e uma economia possivelmente abalada pela paralisação da máquina produtiva, o que é inevitável.

Será aí em que o presidente Bolsonaro deverá voltar à cena de peito estufado, para bradar: “Eu não disse que era uma gripezinha; nem houve a tal pandemia e, agora, temos uma economia combalida, tá ok”.

Jair Bolsonaro, pelo que já conhecemos, não terá nunca a grandeza de observar que a mortalidade terá sido evitada graças ao bom senso e às medidas adotadas pelos governadores dos Estados e pelo seu ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta.

Arrematando

O que é preciso observar é que, sem as medidas que estão sendo tomadas no Brasil e, portanto, se tudo transcorresse como sugere o mais caricato presidente da história do Brasil, a nação só teria um caminho: nem vidas e nem economia.

Ou seja: a pior das alternativas.

 

Wellington Farias

PB Agora

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