Opinião: pagamentos milionários a artistas nos festejos juninos sempre existiram, mas por que só agora contestar?

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Como se fosse uma sequência de cenas do filme ‘Efeito Borboleta’, a tatuagem que a cantora Anitta fez no ânus há alguns anos atrás hoje respinga até na Paraíba, com o presidente do Tribunal de Contas do Estado da Paraíba (TCE-PB), Fernando Catão, enquadrando as prefeituras paraibanas para que não gastem valores exorbitantes na contratação de artistas, principalmente neste período de festejos juninos.

Um dos exemplos citados por Catão foi um cachê de R$ 300 mil para Xand Avião tocar na pequena cidade de Ouro Velho, com menos de 3 mil habitantes, em um evento de dois dias, que deve custar cerca de R$ 500 mil aos cofres da prefeitura local.

Mas como tudo isso se conectou? Bem… Há algumas semanas o cantor Zé Neto, da dupla com Cristiano, julgando ter telhado de titânio, disse que ele e o seu parceiro “eram artistas que não precisavam de Lei Rouanet” e, na sequência, emendou uma crítica à tatuagem de Anitta, que hoje é considerada uma artista progressista e incomoda, em certa medida, os artistas bolsonaristas, categoria que engloba 90% dos cantores e duplas sertanejas.

Foi o suficiente para que a caixa preta de contratos de prefeituras com duplas sertanejas viessem à tona, revelando cachês milionários em cidades que carecem de serviços essenciais como educação, saúde e infraestrutura. Nomes que não tinham nada a ver com o rompante verborrágico de Zé Neto como Gusttavo Lima, Bruno e Marrone e outras duplas entraram no olho do furacão e estão sofrendo com desgaste de imagem e tendo shows cancelados e revistos.

Esse ‘esquema’ acontece no Brasil todo há vários anos. Não é novidade para ninguém, nem é ilegal. A lei de licitações prevê a contratação de artistas de renome e reconhecidos pela crítica, inclusive, sem necessidade de licitação. É apenas imoral em alguns casos e suspeito em outros, já que não são tão raros e excepcionais casos em que parte dessa dinheirama paga aos empresários dos artistas volta ao prefeito. Quem não se lembra do prefeito eleito de Camalaú, Sandro Môco, que foi printado pedindo o “dinheiro do refrigerante” para o dono da banda Pedrinho Pegação?

O que pegou mal mesmo foi a hipocrisia e indignação seletiva de um grupo de pessoas, ligadas a uma vertente político ideológica (bolsonarismo) que late e esperneia dia e noite como se fossem cachorros vigiando o portão do dinheiro público no Brasil, enquanto não dispensam uma mamatinha quando pensam que ninguém está vendo. O tiro saiu pela culatra.

 

Feliphe Rojas
PB Agora

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