Faz tempo que não tenho contato com o comunicador e colega Fabiano Gomes.
Melhor dizendo, nos últimos dois anos acho que só falei com ele uma vez. Foi há cerca de dois meses: eu estava numa casa de veraneio, em Barra de Gramame, convalescendo-me de uma das seis cirurgias a que já fui submetido. Fabiano me ligou pedindo para que eu voltasse a trabalhar com ele, produzindo um podcast em que daria meus pitacos, com pauta livre e carta branca. Não só insistiu, como chegou a propor instalar no AP onde moro, um equipamento top para fazer as gravações sem sair de casa, e disponibilizaria um editor de áudio etc.
Não aceitei. Aleguei que estava doente, sem condições. E estava.
Mesmo que tivesse condições, entretanto, não teria aceitado proposta nenhuma do velho Fabiano Gomes da Silva: por motivos de foro íntimo, a partir de determinado momento tomei a decisão de me afastar dele, embora lhe seja muito grato por algumas atitudes importantes com relação a mim. Como, por exemplo, ter bancado a minha primeira cirurgia particular a que fui submetido. Além, é claro, de haver colocado nas minhas mãos o mais potente microfone da Paraíba, o do Correio Debate, ao lado dele e de Heron Cid – e depois do meu querido amigo Victor Paiva -, na “Távola Redonda” do Sistema Correio de Comunicação.
Mas também tive prejuízos (grandes), dos quais poderia (aliás, deveria) ter sido poupado, e que me geram desconfortos imensuráveis, até a data de hoje; sobretudo agora quando subo o meu calvário. Um calvário fisicamente doloroso, mas moralmente nem um pouco. Um deserto que atravesso a passos lentos, mas firmes na convicção de que chegarei ao oásis, quando terei removido da bexiga um tumor maligno diagnosticado há pouco mais de um ano. Nada que eu não possa superar com as bençãos de Deus, o apoio da minha família, a competência testada e comprovada do Dr. Porfírio Fernandes, um urologista-cirurgião campinense que faz jus ao orgulho que Campina Grande tem do seu povo; à generosidade do Dr. Carneiro Arnaud, um dos anjos da guarda que o Senhor pôs no meu caminho para me proteger nesta caminhada árdua mas de que terá um final feliz (perdão, pelo lugar-comum).
Confesso que, em determinado momento dessa relação com o colega Fabiano Gomes, comecei a nutrir por ele um sentimento que misturava mágoa e receios.
Mágoas brotaram quando tive a infelicidade de subir as escadarias da Rádio Arapuan para, com ele e Heron Cid, compor uma bancada de um programa de rádio que foi uma mancha na minha trajetória profissional. Não sou muito de me arrepender do que faço, mas esta eu não repetiria. Receios vieram, depois que Fabiano começou a ser encurralado pela lei e a Justiça.
Uma série de fatores, que iam se somando, me convenceram de que não deveria mais conviver profissionalmente com Fabiano. Havia voltado a trabalhar com ele, desta vez no seu Blog. Até que um dia uma pessoa da esfera jurídica, um desses ouvintes de rádio que passam a nos admirar, como quem queria me poupar de algo ruim no futuro, fez-me algumas perguntas em tom de alerta… Senti cheiro de coisa ruim no ar. Percebi que estavam monitorando seus passos e, possivelmente, já tinham constatado algo de errado por aquelas bandas.
Foi a gota d’água. Pedi demissão, abdiquei de um salário relativamente bom (e pago rigorosamente em dia, porque ele é pagador de primeira), expliquei os motivos e parti.
Não lembro se, na primeira prisão de Fabiano, eu ainda trabalhava com ele. Acho que não. Mas lembro o quanto eu e minha família sofremos ao longo de dias e noites, imaginando o que o nosso amigo estaria passando numa cela do PB-1, presídio de segurança máxima. Durante mais de trinta dias, todas as noites quando íamos dormir, era um sono perturbado pelo que Fabiano poderia estar passando entre aquelas quatro paredes e grades.
Outras pessoas – provavelmente uma legião – também sofreram conosco. Silvio DVD, um colega dos serviços gerais da UFPB vivia se lamentando pelos cantos, com dó da situação em que Fabiano se metera. Odete, a nossa querida vovó do Sistema Correio de Comunicação era outra pessoa que sofria bastante com a situação.
Logo após a primeira prisão, fiz uma visita a Fabiano. E, por razões que prefiro não revelar, tive uma decepção tal que, a partir dali, o meu sentimento em relação a ele foi de indiferença total a tudo que pudesse lhe acontecer. Se fosse preso novamente, por exemplo. Não iria mais sofrer como antes. Ele não merecia o meu sofrimento.
Tomado por este sentimento de indiferença, mas sem surpresa alguma, recebi a notícia da segunda prisão de Fabiano, desta vez pela Operação Calvário. Detalhe: oito horas antes, numa conversa via zap com a colega Adriana Bezerra eu havia dito, textualmente: “Adriana, você não tenha dúvida de que todo santo dia Fabiano vai dormir com a expectativa de as 6 da manhã a PF bater a sua porta”. Parece que eu estava adivinhando.
Desta vez, pouco me incomodou a prisão de Fabiano. Até que, por volta das 10 da manhã desta quarta-feira, assisti pelo Instagram de Anderson Soares o vídeo em que o colega Fabiano Gomes da Silva, com quem dividi uma bancada de sucesso no rádio por oito anos, caminhava na direção de uma viatura da Polícia Federal, indo para uma audiência de custódia com a expectativa confirmada de ser mandado para o Presídio do Roger.
Foi impactante demais! Desmoronei por completo. Estava no terceiro dia após uma cirurgia, quase passo mal. Vali-me do Rivotril – detesto medicamentos – para me recompor do baque. A garganta deu um nó, fui chorar no banheiro pra minha companheira não ver. No dia anterior, eu e ela havíamos iniciado uma Novena das Santas Chagas e pedimos por ele, por uma questão humanitária.
A minha natureza não permite que eu seja indiferente a tal situação envolvendo uma pessoa com quem convivi por quase uma década; com quem travei memoráveis (perdão pela presunção) debates no rádio e de quem recebi gestos de generosidade.
É natural que eu, ex-companheiro de profissão de Fabiano Gomes, tenha sobre ele um olhar diferente, independente de quem ele seja ou deixe de ser.
A essa altura dos acontecimentos resta-me apenas rogar a Deus para que o ajude a atravessar este calvário (moral, inclusive). Mais que isso: que promova uma transformação profunda na sua vida; nas suas estratégias de guerra para enfrentar a vida; que lhe faça um novo homem, do qual seus filhos possam verdadeiramente muito se orgulhar.
Que Fabiano possa entender que é muito mais sublime habitar um mocambo abençoado por Deus, a viver numa mansão cercada de oficiais de justiça e policiais.
Wellington Farias
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