O governador João Azevêdo começou o seu segundo ano de gestão cercado de maus presságios. Pelo andar da carruagem, dá até para afirmar que, este ano, o Governo da Paraíba está sob o signo do corvo, a famosa ave agourenta muito presente nos romances de terror da Literatura Gótica.
Como se já não bastasse o vazamento de áudios inerentes às investigações Calvário, em que o governador do Estado é acusado de haver pedido e recebido mensalão e emprego para familiares, à época em que ainda era candidato, em pleno início do ano legislativo, num dia só, foram protocolados na Casa de Epitácio Pessoa um pedido de CPI e um pedido de impeachment.
Sobre o pedido de impeachment, de autoria do deputado oposicionista Wallber Virgolino, há muita dúvida a respeito: a opinião mais recorrente é a de que a iniciativa de Virgolino não se sustenta pelo fato de o governador não haver cometido nenhum crime durante a sua gestão. De modo, portanto, as acusações que sobre ele recaem antecedem ao seu ingresso no cargo de governador.
Apesar disso, no entanto, há um risco que põe o governador João Azevêdo na corda bamba: o processo de impeachment tem caráter mais político do que jurídico. Portanto, tudo vai depender do grau de empatia, convivência e apoios que João Azevêdo poderá dispor no âmbito da Assembleia Legislativa.
É muito pouco provável que o governador João Azevêdo venha mesmo a ser derrubado por um impeachment. Afinal de contas, irresponsabilidade tem limites e o bom senso sugere que os deputados paraibanos, em sua maioria, não irão derrubar o governador sem que ele, de fato, tenha cometido crime, em pleno exercício do mandato.
A famosa CPI sugerida pelo deputado emedebista Raniery Paulino também é uma incógnita. Há muitas controvérsias a respeito, inclusive, a alegação de que ela apenas seria a repetição da Operação Calvário que já está com as investigações para lá de adiantadas.
Mas, em se tratando de política, tudo pode acontecer, inclusive nada.
Independente de tudo, a verdade é que esse deserto que o Governo João Azevêdo começa a atravessar, sem dúvida, trará enormes prejuízos para o Estado. Encurralada, a gestão tende a ficar cada vez mais engessada, na medida em que o governador e sua equipe, necessariamente, precisarão consumir tempo, ideias e energia na tentativa de debelar as labaredas que cercam o Governo.
Nos bastidores da política, diz-se que o governador João Azevêdo, apesar de toda essa turbulência, conta com um grande aliado, o deputado Adriano Galdino, presidente da Assembleia Legislativa do Estado.
Significa que, de antemão, o pedido de impeachment é natimorto, porque é prerrogativa exclusiva do presidente do Poder Legislativo dar início ou não ao trâmite da degola. E, pelo jeito, não é esta a disposição de Galdino.
A propósito das críticas que sofreu, ao aparecer num vídeo, cantando uma música carnavalesca de sua autoria em parceria com Capilé, sobre o envolvimento de políticos na corrupção, o compositor Fuba, a pedido da coluna, ofereceu sua explicação alegando que houve um equívoco.
Segundo ele, a música não se refere especificamente à Operação Calvário, como foi divulgado. Mas, aos acontecimentos verificados em todo o Brasil sobre corrupção. Fuba foi criticado como se tivesse feito uma música baseada na Operação Calvário, sobretudo porque ele era um aliado político do ex-governador Ricardo Coutinho e vários outros socialistas sob investigação.
“Na verdade, a música não foi feita para a Calvário. Ela foi composta no dia 27 de novembro, bem antes de RC ser preso. É natural e faz parte da tradição carnavalesca, fazer marchinhas bem-humoradas, falando de algum tema seja político ou qualquer outro que acontece em determinado momento no país. O problema é que veicularam a música como sendo feita para a Operação Calvário, o que não é verdade. No carnaval sempre houve isso! Faz parte brincar com esses tipos de tema. Pegaram carona na música e veicularam ao momento que acontece na Paraíba. A música, que leva uma mensagem nacional, acabou sendo diminuída e veiculada para uma realidade local. É isso!”
Wellington Farias
PB Agora
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