Aqui na Paraíba, as Entidades que compõem a rede de enfrentamento à violência contra as mulheres têm desenvolvido ações com o intuito de facilitar o combate a essa violência diante o necessário isolamento social. Em destaque, as Delegacias de Atendimento às Mulheres criaram o Boletim de Ocorrência.
Face à oportunidade do tema, a coluna abre espaço para a psicóloga Ana Maria Martins, que dá um grito de alerta contra o aproveitamento machista da situação de isolamento social para maltratar, humilhar e espancar as mulheres.
Segue o texto da psicóloga:
Ana Maria Martins (*)
A violência contra as mulheres é um fenômeno universal, multifatorial e perversamente democrático que faz de toda mulher uma vítima em potencial, simplesmente, por ser mulher.
Ao longo do tempo, a construção Sócio-Cultural no tocante à relação entre homens e mulheres se deu de forma extremamente desigual quanto aos direitos e oportunidades, resultando na opressão, desqualificação e subjugação do gênero feminino pelo masculino.
Nessa dinâmica emerge, dentre outras coisas, a violência contra as mulheres como ferramenta de controle e poder dos homens sobre as mulheres.
Gerando, assim, impactos graves à saúde e à vida global das mulheres . Abusos físicos, sexuais, psicológicos, emocionais, humilhações, xingamentos, restrições à sua liberdade, ao seu desenvolvimento e capacidade laboral são alguns efeitos da violência doméstica contra as mulheres. Violência que acontece em casa, justo o espaço no qual se espera segurança e conforto.
Diante desse cenário já tão desafiador e complexo, não se poderia imaginar que ele pudesse ficar ainda pior.
Infelizmente, com o surgimento da Pandemia pelo Coronavírus e a necessária política de isolamento social como forma de conter a disseminação do vírus, e, portanto, o apelo intenso, “FIQUE EM CASA”, “obriga” as mulheres a permanecerem muito próximas, e por mais tempo, de seus próprios algozes.
Na atualidade, em todo o mundo, essa proximidade tem sido o gatilho para o crescimento dos índices de violência doméstica contra as mulheres, tanto em frequência quanto em gravidade.
A ONU, através do seu Secretário Geral Antônio Guterres, vem acompanhando esse doloroso cenário e tem solicitado dos países a inclusão de medidas de proteção às mulheres nos Protocolos de combate ao Covid -19.
No Brasil muitas ações vêm sendo implementadas nessa direção, tantos pelos Governos Estaduais, quanto por algumas Empresas, ONGS , Movimentos coletivos com a criação de grupos de diálogos virtuais , orientações às mulheres de como se protegerem, o que fazer, ofertas de suporte psicológico e jurídico, dentre outras ações .
Aqui na Paraíba, as Entidades que compõem a rede de enfrentamento à violência contra as mulheres têm desenvolvido ações com o intuito de facilitar o combate a essa violência diante o necessário isolamento social. Em destaque, as Delegacias de Atendimento às Mulheres criaram o Boletim de Ocorrência e solicitação de medidas protetivas on-line, plantões centralizados, orientações por telefone e presenciais, além do disque denúncia 24 horas – 190 (Polícia Militar) e 197 (Polícia Civil) . Contamos, ainda, com a efetividade da Patrulha Maria da Penha através da vigilância do cumprimento da Medida Protetiva .
Lembremos que a violência doméstica contra as mulheres há muito deixou de ser assunto privado, afinal onde há violência todos perdem Todos nós podemos e devemos “entre briga de marido e mulher” colocar a colher, sim! Vizinhos, parentes, amigos, DENUCIEM Não é necessário se identificar.
Denunciar é o start fundamental de enfrentamento da violência contra as mulheres. É preciso romper o silêncio, pedir ajuda. CALAR, potencializa o ciclo da violência, enfraquece a mulher vítima de violência.
No processo de rompimento do ciclo da violência contra as mulheres, a intervenção de Profissionais da Psicologia é de suma importância, pois são treinados para o acolhimento da dor do outro, através da escuta ativa, humanizada, sem julgamentos e/ou censuras. Além disso, caberá a esse(a) Profissional facilitar o fortalecimento emocional da mulher vítima de violência e auxilia-la no resgate da sua autoestima , cuidar/tratar de processos ansiosos e depressivos, de diversos graus, comuns às mulheres vítimas de violência, podendo inclusive incapacita-las para o trabalho. Como também, falar dos seus direitos, apontar possibilidades, instruí-la quanto à legislação e equipamentos vigentes que a protegem, bem como esclarecer que em meio à pandemia, precisar estar isolada não significa, estar sozinha!!!
(*) Ana Maria Martins é psicóloga da DIPSI ALPB, Psicoterapeuta, Pós-graduada em Neurociência, Terapeuta Nutricional e Comportamental.
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