Aos poucos, os cartões telefônicos para orelhões vão ficando esquecidos pelos paraibanos. No mês passado, ainda era possível encontrá-los à venda na cidade de João Pessoa. Porém, eles já são considerados produtos ultrapassados.
Mesmo assim, em vários bairros da capital paraibana, como a orla do Cabo Branco, ainda é possível encontrar alguns telefones públicos. A maioria, sem funcionar. De acordo com a proprietária de um fiteiro, no Centro da capital, Josefa Guedes, as pessoas ainda procuram os cartões. No entanto, os produtos não estão mais disponíveis, pois os distribuidores não os trazem para venda.
A comerciante acredita que, além de muitos orelhões estarem quebrados, os cartões saíram de circulação. De acordo com a assessoria de imprensa da Oi, não há necessidade de venda dos cartões telefônicos, pois as ligações estão gratuitas, por determinação da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). Portanto, até a empresa atingir a meta de disponibilidade estabelecida pela agência reguladora, os cartões estão com as vendas suspensas na Paraíba.
A vendedora Luciene Oliveira tem 20 anos de idade e nunca utilizou um orelhão. No entanto, ela defende a existência do equipamento, pois acredita que as ligações ocorrem com mais privacidade, além do orelhão ser útil em situações de emergência e inclusive evitar mais casos de assédio sexual na internet, através do celular.
“Com o telefone celular acontece muito assédio. Com o orelhão é apenas uma ligação e pronto. No caso de emergências, você usaria o telefone público, que seria muito útil em uma situação de risco. Quando acontece um acidente, ninguém lembra que tem um orelhão próximo, sempre pede o celular de alguém para ligar, mas não lembra que tem um orelhão perto para isso”, explicou.
A jovem acrescenta que considera o equipamento necessário para a cidade por acreditar que ele iria reduzir os constrangimentos ocasionados pelas ligações das operadoras e os incômodos dos trotes. Por isso, afirma que o telefone público deve ser mantido em João Pessoa.
No entanto, existem aqueles que já precisaram do telefone público, mas defendem a sua retirada das ruas. É o caso dos estudantes Marcílio Freire e Alan Santino. “Com a facilidade dos celulares, os orelhões se tornaram descartáveis. Só para necessidades urgentes. Mesmo assim, quando o uso ainda era com cartão, dificultava um pouco. A utilização não é mais tão frequente. Até em uma urgência, hoje em dia, a maioria das pessoas usa o celular “, opinou Marcílio.
Ele acrescenta que a retirada é necessária principalmente pelas condições dos orelhões. Já Alan Santino acredita que o aparelho não tem nenhuma serventia. Ele conta que precisou de um há cerca de seis anos. Por isso, diz que hoje são inúteis.
Outro problema apontado é o alto investimento envolvendo a chegada e a manutenção dos telefones públicos. O consultor de vendas, Alberto Soares, comentou que precisou de um há mais de cinco anos e que devido aos planos para celulares, oferecidos pelas empresas de telecomunicações, estarem cada vez mais acessíveis, o cartão telefônico e as ligações dos orelhões, mesmo sem pagar nada, se tornam desnecessários.
“Se gasta tanto com orelhões. É um dinheiro que pode ser investido em outra coisa. Um orçamento para colocar um orelhão é um valor que dá pra pagar muitos celulares. Existe um custo operacional imenso para esse aparelho e não é interessante. Além disso, existe a facilidade para ter um celular. Existem planos com a possibilidade de ligar para qualquer operadora. Por isso, o orelhão infelizmente está obsoleto e só serve para pichação daqueles que gostam de deteriorar o patrimônio público”, lamentou.
Ele acrescenta que se for para existirem, que seja em pontos estratégicos da cidade, para se transformarem em um auxílio em ocasiões de risco. Até o fechamento desta matéria, a assessoria de imprensa da Oi não informou à reportagem sobre a quantidade de orelhões considerados adequados para uso no município nem se os quebrados passarão por reparos. Por outro lado, são poucos os locais da cidade onde ainda podem ser vistas as caixas disponibilizadas pelos Correios para a população colocar correspondências. Uma delas ainda pode ser vista no bairro de Cruz das Armas.
Com relação à sua utilidade, a assessoria de imprensa da empresa pública afirma que elas já são consideradas desnecessárias, devido às possibilidades de comunicação através da internet como, por exemplo, o email e o whatsapp. Por isso, algumas caixas já foram retiradas da cidade.
No entanto, até o fechamento desta matéria, não informaram quantas ainda] podem ser encontradas em João Pessoa . Determinação da Anatel A Paraíba está entre os 12 estados que podem fazer ligações locais e de longa distância nacionais gratuitamente utilizando os orelhões.
Este é o resultado de uma punição aplicada pela Anatel à Oi no ano passado. De acordo com uma fiscalização da Agência, nos estados de Alagoas, Amazonas, Amapá, Bahia, Ceará, Espirito Santo, Maranhão, Pará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Roraima, Santa Catarina e Sergipe o número de orelhões em condições adequadas não estavam de acordo com os níveis estabelecidos pela Anatel. Assim, a Oi deve seguir as regras de ter a disponibilidade dos orelhões de, no mínimo 90%, em todos os estados, e de, no mínimo, 95%, nas localidades atendidas somente por orelhões.
Redação
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