O livro “Chutando a escada” do sul coreano Ha-Joon Chang, publicado em 2002, analisa se os países em desenvolvimento, como o Brasil, precisam adotar a restritiva agenda “neoliberal” de política econômica, liberalização do comércio, privatização e desregulamentação.
Para o autor, essa agenda não foi adotada pelos países atualmente desenvolvidos ao longo de seu percurso histórico. Analisando os casos de países, como EUA, Inglaterra, Alemanha, Chang afirma que os países desenvolvidos não teriam crescido se tivessem adotado uma agenda neoliberal restritiva.
Por meio de análise histórica, o autor afirma que países atualmente desenvolvidos dependeram fortemente de incentivos e fomento do Estado para desenvolvimento industrial, comercial e tecnológico.
Segundo Chang, quando países desenvolvidos sugerem, hoje em dia, medidas restritivas e não intervencionistas, eles estão “chutando a escada” para que países em desenvolvimento não ascendam a escala da prosperidade. Para ele, o Estado deve ter um papel indutor para acelerar o crescimento do país.
A tese de Chang subsidia teorias desenvolvimentistas. De fato, países atualmente desenvolvidos tiveram um Estado muito ativo na proteção econômica e no fomento tecnológico, pelo menos, até o fim do século XIX.
Contudo, aplicar fórmulas que deram certo no passado não garante o mesmo resultado. Argentina e Brasil são dois países com Estados “indutores” da economia. Há quantas décadas esses países tentam acelerar crescimento econômico pelo poder do Estado?
Os resultados não são bons e vão de alto endividamento à baixa produtividade. Realmente, países atualmente desenvolvidos tiveram Estados intervencionistas, mas isso não implica que exista uma “fórmula desenvolvimentista” por meio do Estado. Argentina e Brasil mostram o contrário!
Anderson Paz