O país voltou a perder vagas de empregos formais em maio. No mês passado, foram fechados 115.599 postos de trabalho, segundo dados divulgados nesta sexta-feira (19) pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). A Paraíba registrou uma perda de 2.125 vagas.
É o pior resultado para meses de maio desde o início da série histórica do indicador, em 1992. Também é a primeira vez que há corte de vagas em um quinto mês do ano. Considerando todos os meses, o resultado é o pior desde dezembro, quando foram cortados 555 mil postos de trabalho.
“Ainda não é um mês bom, mas toda essa redução do discurso de que parece que o emprego acabou representa 0,9% do estoque que nós temos, não é um desastre”, afirmou o ministro do Trabalho, Manoel Dias.
“Historicamente, o primeiro semestre nunca é o melhor período para a geração de empregos. A economia se avoluma geralmente no segundo semestre”, afirmou. “Embora tenhamos esse mês voltado para a redução na geração de emprego, creio que certamente vamos repor o estoque a partir do segundo semestre […] Sou otimista e a gente tem que ser otimista.”
Os dados foram apresentados em Mato Grosso do Sul por Dias, que justificou a escolha informando que o estado foi o que mais gerou emprego no mês.
“Tem setores da economia que estão bem e outros com maior dificuldade. Mas até o final do ano nós vamos retomar os investimentos todos que são necessários para a geração de emprego”, afirmou Dias. “Só o fundo de garantia que é dos trabalhadores vai ter o maior investimento da sua história.”
“O processo, que vai do contrato a execução da obra, demanda certo tempo […] historicamente o Caged teve declínio na área da construção civil, por isso acreditamos que os processos estão em execução e devem continuar no segundo semestre […] O setor é uma grande aposta. Temos o maior programa no mundo na área da construção civil”, disse ele, referindo-se ao programa Minha Casa, Minha Vida.
Brasil e exterior
O ministro minimizou a perda de empregos comparando a situação do Brasil com a do exterior. “Um país que dobra seu mercado de trabalho, que dobra mercado de emprego e que aumenta em 73% o salário mínimo e aumenta em 34% a renda de todas as pessoas enquanto que o mundo está em crise.”
“Você vai na Europa, estive lá agora na OIT, a Espanha tem 42% de desempregados, jovens são 58%, França, Portugal e nós passamos ao largo da crise e conseguimos chegar até aqui. Precisamos agora ajustar, de vez em quando tem que dar uma parada para ajustar.”
De acordo com o ministro, a atual crise é mais política que econômica, mas acaba afetando os dois aspectos: “Toda crise é política que afeta a economia. Porque se deixar impressionar pelo discurso de certos setores, se você vai comprar um automóvel vai postergar, vai deixar para comprar depois. Ia comprar um apartamento você deixa para depois e sucessivamente”.
Acumulado do ano
No acumulado dos cinco primeiros meses deste ano, ainda segundo dados oficiais, foram fechados 243.948 postos com carteira assinada. Este foi o pior resultado para este período da série histórica disponibilizada pelo Ministério do Trabalho, que começa, para o período acumulado do ano, em 2002
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Também foi a primeira vez, para os cinco primeiros meses de um ano, desde 2002, que o saldo ficou negativo. Os saldos de janeiro a abril foram contabilizados após o ajuste para empregos declarados fora do prazo, e o mês de maio ainda está sem ajuste.
Em 12 meses, o país já acumula a perda de 452.835 postos de trabalho.
Setores
A indústria foi responsável pelo maior corte de vagas no mês: foram 60.989 postos perdidos no período. “Os ramos que apresentara as maiores quedas foram: Indústria de Produtos Alimentícios (-8.604 postos), Indústria Mecânica (-8.373 postos), Indústria Metalúrgica (-7.861 postos) e Indústria de Material de Transporte (- 7.715 postos)”, informou o governo.
A construção civil cortou 29.795 vagas, enquanto os serviços perderam 32.602. No comércio, foram 19.351 vagas a menos. A agricultura foi o único setor a contratar no mês, ganhando 28.362 vagas.
“A elevação do emprego na agricultura (+28.362 postos de trabalho), decorrente,em parte, da presença de fatores sazonais, foi proveniente principalmente do desempenho positivo das atividades ligadas ao cultivo de café (+16.820 postos), às Atividades de apoio à Agricultura (+4.478 postos), às de cultivo de laranja (+4.026 postos) e às de cultivo da cana-de-açúcar (+4.000 postos)”, acrescentou o Ministério do Trabalho.
No acumulado dos cinco primeiros meses deste ano, a indústria registrou a demissão de 98.053 trabalhadores formais, enquanto que a construção civil teve 108.573 desligamentos e o comércio registrou a perda de 159.315 empregos. Os serviços, por sua vez, contrataram 78.061, a administração pública teve 14.483 admissões e a agricultura registrou 35.589 abertura de vagas.
Regiões
No recorte por regiões, houve fechamento de vagas em todas elas em maio. No mês passado, o Sudeste registrou o pior resultado, com 46.267 vagas a menos.
No Nordeste, foram cortados 34.803 postos, enquanto Sul e Norte perderam, respectivamente, 23.893 e 7.948 vagas, respectivamente.
Já na região Centro-Oeste, foi registrada a demissão de 2.688 trabalhadores com carteira assinada, segundo os dados do Ministério do Trabalho.
G1