Sem eficácia comprovada no enfrentamento ao novo coronavírus (Covid-19), o medicamento Cloroquina tem sido tema de debate na comunidade científica, além de ter seu uso contestado na comunidade médica e dividir opiniões na sociedade. O presidente do Conselho Regional de Medicina na Paraíba (CRM-PB), Roberto Magliano, acredita que surgiu em torno da medicação um conflito político.
Nesta quarta-feira (20), após o Brasil incluir a droga no protocolo de atendimento a pacientes diagnosticados com Covid-19, a Organização Mundial de Saúde (OMS) fez um alerta sobre os efeitos colaterais que podem ser desencadeados pelo uso da medicação. Para Roberto Magliano, o medicamento deve ser usado, no entanto, de acordo com a avaliação individual de cada paciente. “Essa questão da cloroquina, na minha maneira de ver, está sendo politizada e não é bom quando isso acontece. Já aconteceu com o distanciamento e agora está acontecendo com a cloroquina”, observou o presidente do CRM-PB.
Magliano revelou que Conselho Federal de Medicina já emitiu parecer sobre o uso da droga. Segundo ele, existem evidências científicas e publicações mostrando que a droga não tem efetividade no tratamento do coronavírus. “Muito médicos no Brasil tem insistido em utilizar e é claro que é uma droga que está disponível no mercado e os profissionais de saúde que assim o desejarem poderão prescrever, explicando aos pacientes quais os riscos e benefícios do medicamento”, declarou Roberto. O presidente acrescentou ainda que deverá haver um duplo entendimento: por parte do médico, que percebe a necessidade de prescrever; e por parte do paciente, que precisa decidir se tem o interesse em tomar a medicação, ciente dos efeitos colaterais que possam acarretar.
O líder do CRM na Paraíba ressaltou a necessidade de resguardar a autonomia do profissional de medicina diante da possibilidade de prescrever ou não a cloroquina. “É preciso que seja feita uma receita médica e nós, particularmente, não concordaríamos se essa medicação fosse entregue por um político diretamente a um paciente”, concluiu o presidente.
PB Agora