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Roberto Cavalcanti: um forte candidato à Academia Paraibana de Letras

Nos círculos intelectuais, sobretudo de João Pessoa, circula um burburinho sobre a candidatura do ex-senador e empresário Roberto Cavalcanti – o criador do Sistema Correio de Comunicação – à Academia Paraibana de Letras. Avalia-se como uma candidatura forte, não só pelo prestígio de que o pretendente desfruta no nosso Estado, como também pelo seu perfil intelectual, que muito valor agregaria à Casa de Augusto dos Anjos.

Antes mesmo de tornar-se empresário e economista formado em Ciências Econômicas pela UFPE, não necessariamente nesta ordem, o escritor e cronista Roberto Cavalcanti já era um homem íntimo das letras. Melhor dizendo, literalmente nasceu no mundo das letras. Recifense, o ex-senador nasceu de uma família de intelectuais de destaque no cenário cultural de Pernambuco; foi freqüentador da nata cultural do vizinho Estado, sempre acompanhando o pai; sua casa era ponto de convergência de grandes nomes das letras e da área de humanas do Recife.

O pai do empresário Roberto Cavalcanti, o Dr. Renê, era médico Psiquiatra e Sociólogo, dos bem conceituados nos dois campos profissionais; foi contemporâneo e amigo de Gilberto Freyre, além de amigo de Darcy Ribeiro, desses de frequentarem a cozinha um do outro. E um contumaz pesquisador e frequentador dos arquivos da Fundação Joaquim Nabuco, em Recife. Desde menino, Roberto Cavalcanti era um acompanhante e auxiliar permanente do pai em suas incursões pelos estudos científicos, ou pelas rodas de intelectuais recifenses.

A propósito, se tem uma das relíquias de que o ex-senador mais se orgulha, é uma foto em que ele, garoto, aparece sendo simbolicamente condecorado pelo antropólogo, escritor e político Darcy Ribeiro, como uma espécie de “auxiliar mirim de pesquisas científicas” na Fundação Joaquim Nabuco, pelo seu empenho no auxílio ao pai, o Dr. Renê, nas garimpagens para trabalhos no campo da sociologia.

Paraíba

Em dado momento da sua vida, ainda muito jovem, Roberto Cavalcanti se viu tocado pela mosca azul da economia e, depois, dos negócios, ao mesmo tempo em que descobriu em si a vocação de empreendedor. Por um bom tempo, foi uma espécie de ovelha desgarrada de uma família de intelectuais.

Muito jovem – era primeira metade dos anos 60 – se viu seduzido por uma Paraíba que se projetava promissora sob o governo de João Agripino Filho. Correu para cá, investiu em bem sucedidos empreendimentos, e da Paraíba nunca mais saiu. Mesmo durante todo o tempo em que esteve dedicado aos negócios, nunca perdeu por completo o vínculo com as letras e com a cultura.

Sistema Correio

Nos anos 80, o destino lhe pôs diante de uma proposta que também poderia lhe proporcionar o reencontro com o mundo das letras: comprar o jornal Correio da Paraíba. Era um projeto ousado, porque não bastava adquirir o título do jornal: necessariamente tinha de resgatá-lo de uma situação financeira bastante crítica. Um quadro de “quase fecha”, digamos assim.

Foi além: adquiriu o jornal, salvou-lhe da crise e partiu pra cima do fortíssimo concorrente, O Norte, que há anos deitava e rolava no pedaço. Com o Projeto Líder e uma reação capitaneada pelo jornalista Rubens Nóbrega (e da qual fiz parte também), em pouco tempo o jornal Associado estava no chinelo. O próximo passo foi criar o Sistema Correio de Comunicação, hoje o maior do Estado com o único jornal privado que resta na Paraíba; uma potente cadeia de emissoras de rádio que cobre toda a Paraíba e ainda alcança os Estados do Ceará, Rio Grande do Norte e Pernambuco.

Reencontro

Dono de jornal, e do tipo que acompanha de perto todo o processo de produção, que vive o dia-a-dia das redações, seria natural que, a partir de então, a carga genética intelectual impregnada no seu DNA falasse mais alto. Tornou-se um dos mais lidos cronistas do Estado; passou a ser freqüentador assíduo de alguns programas de suas emissoras, ora falando de economia, ora de política etc.

Hoje, o ex-senador Roberto Cavalcanti é um cronista muito voltado para o ofício das letras. O seu portfólio literário, já em poder da Academia Paraibana de Letras, para fundamentar a sua candidatura inclui a autoria de dois livros, quase mil crônicas e artigos publicados no jornal Correio da Paraíba, que constam em 11 volumes cronologicamente encadernados. Os livros de sua autoria são “Meu tempo sobre o tapete azul” e “Como penso”.

À cadeira 27

O ex-senador Roberto Cavalcanti concorre à cadeira 27 deixada pelo imortal Carlos Romero. A APL vai realizar a eleição no próximo dia 7 de junho. Em seu favor já tem um parecer favorável de peso, oferecido pelo Itapuan Botto Targino, que homologou o pedido de inscrição da candidatura. Ele concluiu confirmando que  “na linha do tempo de sua vida verifica-se, enquanto estudante, profissional liberal, industrial, empresário e o político, que exerceu essas funções sem deixar de vinculá-las ao mundo cultural”.

 

Wellington Farias

 


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