Em sessão solene do Congresso Nacional que celebrou o centenário de nascimento de João Agripino de Vasconcelos Maia Filho, nesta segunda-feira (24), o homenageado foi descrito como um homem íntegro e progressista que soube dignificar a atividade política. Os requerimentos para realização da sessão foram de autoria do deputado federal Ruy Carneiro (PSDB-PB) e do senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB).
-Creio que a propositura teve uma feliz coincidência, porque a Câmara e o Senado se irmanam em homenagear um paraibano que foi destacado deputado federal e valoroso senador da República, iniciou Ruy.
De acordo com Ruy, como parlamentar federal João Agripino transitava pelos corredores do Congresso Nacional como se estivesse em sua própria casa, pois conhecia não somente as áreas físicas de trabalhos, mas os seus regimentos e sua palavra era ouvida e respeitada.
Como salientou o senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), o líder paraibano, que nasceu em 1914 e faleceu em 1988, aos 74 anos, foi exemplo de homem público identificado com as propostas desenvolvimentistas e com a separação entre as esferas do público e privado.
– Agripino era considerado um político austero e pouco afeito ao clientelismo. Nem mesmo os seus adversários políticos duvidavam da honestidade e retidão dele – afirmou.
Carreira
João Agripino Filho, nascido no município de Brejo da Cruz, iniciou sua carreira política como deputado federal, em 1945, pela UDN. Depois de reeleições sucessivas, em 1962 ele assumiu o mandato de senador, cargo que não chegou a concluir em razão da posse como governador da Paraíba, em fevereiro de 1966. Foi o último a ocupar o posto no estado por eleição direta antes da supressão do voto popular, após o golpe militar. Também ocupou o cargo de ministro de Minas e Energia e do Tribunal de Contas da União.
Cássio Cunha Lima observou ainda que, sem nada poder dizer contra a honestidade de João Agripino, os opositores no estado o acusavam “de rígido, autoritário, intransigente e calculista”. Ao contrário do que também diziam os desafetos, afirmou Cássio Cunha Lima, o político tinha “sincera e genuína identificação com o povo”. Mesmo tendo apoiado o movimento militar, ressaltou, mais de uma vez ele reagiu contra ordens do poder militar.
Também lembrou que, em sua posse no governo estadual, João Agripino foi saudado por um oposicionista, o então deputado estadual Ronaldo Cunha Lima, justamente seu pai. Cássio Cunha Lima relatou ainda entrevista do homenageado, já no fim da vida, em que ele nega qualquer influência em cassações. Tanto que, num ato público de inconformismo, ele teria feito questão de visitar Ronaldo Cunha Lima logo depois da medida arbitrária que também afetou o conterrâneo. Depois de recuperar seus direitos políticos, Ronaldo Cunha Lima chegou aos cargos de governador de seu estado e senador.
Cícero Lucena (PSDB-PB) disse que o político paraibano “trazia a política no sangue”, tanto pela vertente paterna como materna. Entre outros, citou o pai do homenageado, João Agripino de Vasconcelos Maia, deputado estadual por cinco legislaturas consecutivas (1915-1930). Ele disse, ainda, que o homenageado tinha consciência plena do que os cidadãos da Paraíba dele esperavam.
– Sabia fazer valer a autoridade e sempre enfrentou pessoas e fatos na defesa dos interesses da Paraíba e dos paraibanos – acentuou.
Tanto Lucena como os demais oradores citaram diversos episódios como prova do destemor do homenageado frente aos militares, como um atrito com general-chefe do Serviço Nacional de Informações (SNI), que gerou crise no órgão e a queda do seu titular. Outro foi uma entrevista em que criticou a escolha do general Costa e Silva para o cargo de presidente da República. Também enfrentou um general que comandava o IV Exército para defender a permanência do jogo do bicho na Paraíba, atividade que então era explorada pela Loteria Estadual e empregava cerca de 40 mil pessoas.
Com Agência Senado