Estudo da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) aponta que o Semiárido brasileiro perdeu 26,96% de cobertura vegetal em 18 anos, entre 2001 e 2018. A área desmatada, de 60.769,39 km², é maior do que a do estado da Paraíba, que tem 56.585 km².
De acordo com a pesquisa da UFPB, a região semiárida brasileira, que abrange os estados da região Nordeste, além de 13,52% do Sudeste, tinha uma cobertura florestal de 225.412,80 km² em 2000.
De 2001 e 2018, a maior perda de área florestal ocorreu em 2016. A menor, em 2002. Considerando os resultados desta pesquisa da UFPB, a tendência é de mais destruição. O bioma do Cerrado, presente no interior do Semiárido brasileiro, foi o mais desmatado no período da análise.
Conforme o estudo da UFPB, o Cerrado perdeu 24.376,04 km², o que corresponde a 37,16% de sua área . Com relação aos estados onde o Semiárido brasileiro está presente, o da Bahia foi o que apresentou maiores perdas proporcionalmente, 44,85% de sua área florestada.
“O estudo consistiu na análise da distribuição espacial da cobertura florestal e da sua perda (degradação/desertificação) no Semiárido brasileiro. Realizamos uma investigação centrada nos biomas e estados existentes na área”, explica Thiago Nascimento, mestrando da UFPB que colaborou para a pesquisa.
Ele conta que o objetivo do estudo é contribuir para o desenvolvimento de políticas e medidas mitigadoras desse desflorestamento, por parte dos órgãos e tomadores de decisão no país.
Celso Guimarães, professor do Departamento de Engenharia Civil e Ambiental da UFPB e coordenador da pesquisa, esclarece que o Semiárido brasileiro é considerado uma das maiores áreas semiáridas do mundo, cobrindo uma área de 1,13 milhões de km², aproximadamente 12% do território do Brasil.
“Em termos comparativos, é equivalente à área combinada da Noruega, Suécia e Finlândia, na Europa. Aproximadamente 24 milhões de pessoas vivem no nosso Semiárido, ou seja, 13% da população brasileira”, contabiliza o docente da federal paraibana.
Celso Guimarães elucida que o Semiárido brasileiro engloba biomas como o Cerrado, a Caatinga e a Mata Atlântica. “São biomas com uma importância ambiental em termos ímpares de biodiversidade, mas que vêm sendo desflorestados nos últimos anos”, alerta o professor da UFPB.
Atualmente, os grupos de pesquisas liderados pelos professores da UFPB, Celso Guimarães e Richarde Marques, do Departamento de Geociências, que também cooperou para este estudo do Semiárido brasileiro e que, do mesmo modo, desenvolve pesquisas nas áreas de recursos hídricos e geoprocessamento, e o grupo de pesquisa do professor Manoranjan Mishra, do Departamento de Gerenciamento de Recursos Naturais & Geoinformática da Universidade Khallikote, na Índia, estão aplicando a mesma metodologia de análise de desflorestamento no estado de Odisha, na costa oriental indiana.
Os pesquisadores da UFPB relatam que Odisha, importante estado indiano, é frequentemente afetado por eventos extremos, como ciclones, inundações e secas. “Além disso, estamos estudando o mangue arbóreo de Sundarbans, uma das maiores florestas desse tipo do mundo, formada no delta dos rios Ganges, Bramaputra e Meghna, na Baía de Bengala”, revela Celso Guimarães.
Redação com UFPB