Dar visibilidade ao tema do suicídio e discutir ações viáveis de prevenção ao problema. Esse são os objetivos da campanha “Setembro Amarelo – Vamos falar sobre a vida”, lançada na tarde desta terça-feira (28), pelo Ministério Público da Paraíba, em parceria com o Ministério Público Federal, Secretarias de Saúde do Estado e de João Pessoa, Tribunal de Justiça, Associações Brasileira e Paraibana de Psiquiatria e Centro de Valorização da Vida (CVV).
Segundo a 2ª promotora de Justiça da Saúde da Capital, Jovana Tabosa, o MPPB abraçou a campanha devido aos altos índices de suicídio registrados no Brasil. “Na Paraíba, uma pessoa comete suicídio a cada 34 horas. Isso levou o Ministério Público a abraçar a campanha”, disse acrescentando a importância da participação de todos na prevenção.
Uma das iniciativas da campanha, de acordo com Jovana Tabosa, será a realização de rodas de conversa com a população nas unidades de saúde, integrando a atenção básica à assistência especializada. A promotora informou que já existe um grupo de Trabalho no Núcleo de Políticas Públicas do MPPB.
Ainda de acordo com a promotora, a ideia é criar também os Grupos de Apoio aos Enlutados do Suicídio (Gaes), para oferecer auxílio psicológico aos parentes de pessoas que cometeram suicídio.
O evento de lançamento da campanha foi aberto pelo poeta Merlânio Maia, que declamou poesias enfatizando a valorização da vida. Logo após, o coordenador do Núcleo de Políticas Públicas, procurador Valberto Lira, discursou destacando que o suicídio é um problema de saúde pública, sobre o qual as pessoas não costumam conversar por tabu ou preconceito.
O procurador da República José Guilherme Ferraz ressaltou que a ideia inicial é dar visibilidade ao tema, convocando as autoridades para dialogar sobre as possíveis ações de prevenção. Ele disse ainda que, através das rodas de conversa, será possível detectar de forma precoce situações que possa gerar o suicídio, principalmente nas zonas em que há progressão nos índices. “A campanha convoca população para dar atenção à situação dentro de casa, para que as famílias estejam atentas aos sinais que indicam risco de suicídio”.
O juiz Marcos Sales, representante do Tribunal de Justiça, elogiou a iniciativa do Ministério Público e garantiu o apoio do TJPB. “O fenômeno do suicídio é mundial e preocupa a todos, não tem classe etária e econômica. Em boa hora o MPPB eleva esse debate contribuindo com setores da medicina e da psicologia, mostrando ao cidadão, a quem devemos servir, nossa preocupação enquanto órgãos e poderes da República”, declarou.
O evento contou ainda com a participação da coordenadora de Saúde Mental do Estado, Iassiara Almeida; da secretária adjunta de Saúde do Município, Ana Giovana Medeiros; do representante do Conselho Regional de Medicina, Edvaldo Medeiros; e com o presidente da Associação Paraibana de Psiquiatria, Antônio Brasileiro, que ministrou palestra sobre o tema.
Prevenção
O vice-presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria, Alfredo Minervino, afirmou que há 90% de chance de diminuir os índices de suicídio. “As pessoas quando vão cometer suicídio, ao não ser que seja suicídio por impulsividade, procuram ajuda, principalmente ajuda médica um mês antes, 35% deles procuram ajuda uma semana antes do suicídio, poderíamos fazer diferença muito grande”, explicou.
O psiquiatra alerta que qualquer ameaça deve chamar atenção. “Qualquer pessoa que diga eu queria morrer, que gostaria não acordar mais, gostaria de desaparecer, qualquer tentativa deve ser vista com muito cuidado. Além disso, alguns fatores de risco são estatísticos: é mais comum em homens, entre 20 e 40 anos, sem ligação afetiva, pessoas desempregadas, com doenças grave, e com depressão ou doença mental”.
Alfredo Minervino destacou ainda a importância da campanha “Setembro Amarelo” ara trazer a discussão à tona. Começamos a discutir uma condição grave de saúde mental, de emergência medica, até porque existe todo um preconceito em cima disso que traz, muitas vezes, uma culpa muito grande para a família”, disse.
O representante do CVV, André Fagundes, também enfatizou a importância de falar abertamente sobre o assunto. Ele falou ainda que pessoas que necessitem de ajuda podem ligar para o CVV no número 188, 24 horas por dia, todos os dias da semana.
Assessoria
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