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Trauma de João Pessoa alerta sobre acidentes domésticos nas férias escolares

Com as férias escolares e as crianças por mais tempo em casa, uma atenção especial é demandada aos pais, responsáveis e cuidadores, já que acidentes domésticos podem acontecer em pequenos momentos de distração. Por isso, o Hospital Estadual de Emergência e Trauma Senador Humberto Lucena, em João Pessoa, unidade da rede estadual de saúde da Paraíba, reforça as ações de conscientização da população para a prevenção destes acidentes.

Nos meses de janeiro a dezembro de 2023, o complexo pediátrico registrou mais de 8 mil atendimentos (8.198), a crianças de 0 a 12 anos, vítimas de acidentes domésticos, sendo 4.773 meninos e 3.425 meninas. Os principais motivos registrados foram por quedas (4.381), corpo estranho (1.734), pancada (651), trauma (441), queimaduras (220), acidente de bicicleta (208), corte (167), atropelamentos (153), agressão animal (87), choques (20) e afogamento (18), entre outros. O setor de estatística constatou que durante o mesmo período de 2023, houve um aumento de 12,65% no número de atendimentos infantis.

Segundo o coordenador da Pediatria do Hospital de Trauma, Roberto Leitão, esse aumento se deu exatamente no período de férias nos meses de janeiro e julho. “Afogamento, por exemplo, tivemos quatro vítimas em janeiro deste ano, um número considerado relativamente alto em comparação aos outros meses do ano, quando a média são dois atendimentos”, completou. Para ele, um dos fatores de risco de acidentes com crianças é a falta de atenção dos adultos. “Crianças precisam da supervisão constante e ambientes adequados para o pleno desenvolvimento de suas capacidades”, esclareceu.

Quedas é o campeão em atendimentos de emergências infantis e, durante as férias escolares, a permanência maior delas dentro de casa muitas vezes leva a brincadeiras que acabam mal, como em quedas graves. Para o diretor técnico Glauber Novaes, que é ortopedista, qualquer queda que seja o dobro da altura da criança já é considerada uma grande altura. “Escadas, móveis como cama, sofá e mesa são potenciais para um acidente com os pequenos. Mas o maior perigo em casa são as quedas de janelas. “Não precisa ser uma janela de prédio. Se a criança pula de uma janela, mesmo sendo uma casa baixa, já há um risco grande de lesões graves. Elas devem estar teladas e escadas sempre protegidas”, finalizou.

Outra ocorrência bastante frequente dentro de casa é a que envolve ‘corpos estranhos’ – que se referem a qualquer objeto ou substância ingeridos ou colocados pela criança nas narinas ou nos ouvidos. No Hospital de Trauma, este tipo de ocorrência foi o terceiro mais frequente em 2023, ficando atrás apenas das quedas e dos acidentes de trânsito. São os casos dos grãos, como castanhas, milho de pipoca, feijão cru e amendoim, oferecem um risco maior se aspirados, ou seja, se entrarem nas vias aéreas.

O coordenador da Pediatria explicou que, quando ocorre a aspiração, o corpo estranho obstrui a entrada e a saída do ar causando asfixia. Se ele vai para o pulmão, a gravidade é ainda maior, porque pode causar inflamações e até pneumonia. “A imaturidade da criança pode fazê-la se engasgar com mais facilidade e aumentar o risco da aspiração ao invés da ingestão. As vias aéreas são menores, isso significa que o corpo estranho tem um impacto maior, com asfixia mais grave do que crianças maiores”, salientou.

A coordenadora de Enfermagem da Pediatria, Raimunda Soares, contou um caso de uma criança de quatro anos, com Transtorno do Espectro Autista (TEA), que no último dia 22 de dezembro deu entrada na unidade de saúde, após engolir um cadeado. “A mãe deu entrada bastante nervosa contando que a criança havia engolido o cadeado de uma agenda escolar. No exame de raio-X foi detectado que ele estava alojado no abdômen, a retirada foi realizada por meio de endoscopia. Reforçamos o cuidado redobrado nesse período, principalmente com pessoas com necessidades especiais e crianças nas férias. Começamos a notar um aumento no número de atendimentos após o Natal”, reforçou.

Algumas dicas para evitar acidentes em casa:
• Cobrir tomadas com proteção adequada;
• Proteger pilhas e baterias de objetos com fita para evitar que sejam engolidas;
• Não deixar objetos pequenos, cortantes e perfurantes, ao alcance de crianças;
• Não deixar produtos químicos, medicamentos, inflamáveis ao alcance de crianças;
• Nunca deixar crianças pequenas sozinhas no banho ou quaisquer recipientes com água (o afogamento pode ocorrer em segundos!);
• Instalar grades de pelo menos 1,20 metro nas bordas das piscinas;
• Ter supervisão exclusiva de adultos em ambientes de piscina (não pode dividir a atenção com celulares, livros, etc);
• Usar boias aquáticas específicas para o tamanho da criança quando os pequenos forem nadar.

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