Depois de bater recorde histórico no ano passado, a venda de álcool hidratado caiu em 17,4% no primeiro semestre no país, em relação ao mesmo período de 2009. Nos primeiros seis meses deste ano, o total vendido foi de 6,652 milhões de metros cúbicos, contra 7,810 milhões de metros cúbicos comercializados de janeiro a junho de 2009.
A redução contrasta com o crescimento constante que o comércio de álcool hidratado vinha tendo desde 2003, quando saiu de 3,245 milhões de metros cúbicos, chegando a quintuplicar o volume no ano passado. Em 2009, a comercialização interna do produto atingiu 16,470 milhões de metros cúbicos, representando uma alta de 23,9% sobre 2008, que foi de 13,290 milhões de metros cúbicos.
Para o superintendente adjunto de Pesquisa e Planejamento da Agência Nacional de Petróleo (ANP), Ney Cunha, a queda no consumo no primeiro semestre se deve à alta de preços, provocada pela maior exportação de açúcar e pela formação de estoques pelos produtores.
“Quando o açúcar estiver mais vantajoso para o usineiro no mercado internacional, ele vai fabricar mais. E os usineiros se organizaram para fazer estoques [de álcool]. Se o preço não estiver bom, não vendem. Se não ofertam o produto no mercado, o preço tende a aumentar”, afirmou.
Segundo o levantamento da ANP, o preço do álcool hidratado disparou no primeiro trimestre do ano, chegando em fevereiro ao valor médio nacional de R$ 1,98 o litro. Atualmente, já caiu para R$ 1,59. Como o álcool é menos eficiente que a gasolina, representando um aumento de consumo de 20% por quilômetro rodado, ele só compensa quando seu preço for no mínimo 30% menor que o da gasolina.
Cunha creditou o crescimento expressivo do mercado de álcool hidratado nos últimos anos ao aumento da frota de carros bicombustíveis. “Isso ocorreu em função da explosão de automóveis flex no Brasil, que permite optar pelo combustível segundo o preço. E como o valor do etanol hidratado esteve vantajoso [no ano passado], o consumo aumentou quase 24%”, explicou Cunha.
Segundo a Federação Nacional de Veículos Automotores (Fenabrave), a produção anual de automóveis e veículos leves mais do que dobrou, desde 2003, saindo de 1,350 milhão de unidades, para 3 milhões no ano passado. Deste total, 93,5% são bicombustíveis.
Procurada para comentar a alta no preço do álcool hidratado apontada pela ANP no primeiro semestre, a União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica), informou que não havia ninguém disponível para falar sobre o assunto.
Os dados sobre o mercado de combustíveis no país fazem parte do Anuário Estatístico da ANP, lançado hoje (14), e podem ser acessados na página da agência na internet (www.anp.gov.br), no link Dados Estatísticos.
Da Agência Brasil