Em 1952, a população do sudeste da Tanzânia, na África, foi acometida por uma doença tão dolorosa que suas vítimas andavam com o corpo arqueado. A epidemia ficou conhecida como chicungunha — na língua kimakonde, “aqueles que se dobram”. O vírus CHIKV foi isolado e identificado em pequenos surtos na Ásia. Mas, por muito tempo, ficou adormecido. Até acordar, em 2004, no Quênia. Durante uma década, a ameaça se manteve distante do Brasil. Em 2014, porém, ela chegou. Agora bem-adaptado, o micro-organismo avança por todas as regiões, com um número de casos confirmados até setembro 880% maior que de todo o ano passado. Na Paraíba quanto às notificações de suspeita de chikungunya, no período de 1º de janeiro a 5 de novembro de 2016, foram registrados 20.290 casos suspeitos, ou seja, um acréscimo de 2.626 casos nas dez últimas semanas epidemiológicas.
O boletim epidemiológico mais recente do Ministério da Saúde mostra que, de janeiro a 20 de setembro, foram notificados 236.287 mil casos, sendo que, desses, 116.523 de fato eram febre chicungunha. Esse número deve aumentar significativamente nos próximos meses, pois o vírus é transmitido pelo Aedes aegypti, mosquito que se prolifera nos meses chuvosos de verão.
“O chicungunha entrou no Brasil antes do zika, mas o período de incubação dele é mais longo. Por isso, se propaga mais lentamente”, explica Luiz José de Sousa, presidente da Sociedade Brasileira de Clínica Médica e diretor do Centro de Referência de Doenças Imuno-Infecciosas (CRDI-RJ), justificando o fato de, dois anos depois da entrada do vírus, haver uma explosão de casos. “Agora, a perspectiva é que este ano tenha um aumento muito maior, principalmente no Sudeste”, alerta o médico, também autor do livro Dengue, zika e chikungunya — diagnóstico, tratamento e prevenção.
Uma preocupação de Sousa é com o pouco conhecimento que se tem sobre a doença. “A dengue já foi altamente estudada. Mas há poucos estudos sobre chicungunha. Não se sabe, por exemplo, porque pacientes com doenças crônicas prévias, como diabetes e doença pulmonar obstrutiva, têm um risco de mortalidade maior. Sabe-se que há uma ação do vírus no endotélio vascular e no tecido das articulações, mas não se sabe o mecanismo”, exemplifica.
Paraíba – A Secretaria de Estado da Saúde (SES-PB) divulgou, no último dia (11/11), mais um boletim da dengue, zika e chikungunya. De acordo com os dados, de 1º janeiro a 5 de novembro de 2016 (44ª semana epidemiológica de início de sintomas) foram notificados 35.938 casos prováveis de dengue. Em 2015, no mesmo período (até 44ª SE), registrou-se 19.380 casos, evidenciando um aumento de 80,25%.
Chikungunya – Quanto às notificações de suspeita de chikungunya, no período de 1º de janeiro a 5 de novembro de 2016, foram registrados 20.290 casos suspeitos, ou seja, um acréscimo de 2.626 casos nas dez últimas semanas epidemiológicas. Ressalta-se que a confirmação laboratorial do primeiro caso de chikungunya na Paraíba ocorreu em dezembro de 2015, sinalizando que grande parte da população ainda está suscetível ao adoecimento.
Redação com MS