Os policiais amotinados começaram a deixar a Assembleia Legislativa da Bahia por volta das 6h20 desta quinta-feira. A informação da possível desocupação foi divulgada durante a madrugada, pelo advogado dos policiais, Rogério Andrade. Para Andrade, a estimativa é de que 300 pessoas estivessem no local.
Os PMs passavam por revista e quem não tinha mandado de prisão em seu nome era liberado. As tropas federais armaram um gradil de isolamento, por onde os grevistas passam para sair. Ônibus foram estacionados no local. Familiares e PMs grevistas acompanhavam a movimentação do lado de fora do Parlamento, sem nenhum tipo de confronto.
Desde o início da madrugada, outras cinco pessoas já haviam deixado o prédio depois de terem sido informadas da repercussão das gravações telefônicas que comprometem o líder grevista Marco Prisco, expulso da Polícia Militar após uma greve em 2001.
De acordo com o advogado dos manifestantes, Rogério Andrade, Prisco decidiu se entregar por conta da "inflexibilidade do governo para negociar" e com o objetivo de evitar um conflito armado. Andrade explica que a rendição inviabiliza a continuidade da greve. "Na teoria o movimento acabou, porque o comando é retirado do movimento, que está fragilizado", explica.
Dois líderes do motim, integrantes da lista dos 12 mandados solicitados pelo Ministério Público Estadual e expedidos pela Justiça, já estão presos, acusados de formação de quadrilha e roubo de patrimônio público.
As prisões preventivas foram decretadas pela juíza Janete Fadul e, além de responder por crimes como formação de quadrilha, depredação de patrimônio público e disparo de arma de fogo em via pública, os policiais vão passar por um processo administrativo na própria corporação. Na quarta-feira, a Justiça negou, pela segunda vez, os pedidos de habeas corpus de Marcos Prisco e Alexandre Barros.
A greve
A greve dos policiais militares da Bahia teve início na noite de 31 de janeiro. Cerca de 10 mil PMs, de um contingente de 32 mil homens, aderiram ao movimento. A paralisação provocou uma onda de violência em Salvador e região metropolitana. O número de homicídios dobrou em comparação ao mesmo período do ano passado. A ausência de policiamento nas ruas também motivou saques e arrombamentos. Centenas de carros foram roubados e dezenas de lojas destruídas.
Em todo o Estado, eventos e shows foram cancelados. A volta às aulas de estudantes de escolas públicas e particulares, que estava marcada para 6 de fevereiro, foi prejudicada. Apenas os alunos da rede pública estadual iniciaram o ano letivo.
Para reforçar a segurança, a Bahia solicitou o apoio do governo federal. Cerca de três mil homens das Forças Armadas e da Força Nacional de Segurança foram enviados a Salvador. As tropas ocupam bairros da capital e monitoram portos e aeroportos.
Dois dias após a paralisação, a Justiça baiana concedeu uma liminar decretando a ilegalidade da greve e determinando que a Associação de Policiais e Bombeiros e de seus Familiares do Estado da Bahia (Aspra) suspenda o movimento. Doze mandados de prisão contra líderes grevistas foram expedidos.
A categoria reivindica a criação de um plano de carreira, pagamento da Unidade Real de Valor (URV), adicionais de periculosidade e insalubridade, gratificação de atividade policial incorporada ao soldo, anistia, revisão do valor do auxílio-alimentação e melhores condições de trabalho, entre outros pontos.
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