Caso da Barbárie de Queimadas que chocou o país será exibido nesta quinta-feira em rede nacional no novo ‘Linha Direta’

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Queimadas, no Agreste da Paraíba, relembra um dos crimes mais brutais de sua história, a Barbárie de Queimadas, que ocorreu na madrugada do dia 12 de fevereiro de 2012. Um estupro coletivo planejado durante uma festa de aniversário resultou na morte de duas mulheres. Esse terrível episódio será o tema central do programa Linha Direta, da TV Globo, que irá ao ar nesta quinta-feira, dia 11 de maio.

Onze anos se passaram desde o crime que causou indignação nacional, mas um dos mentores dessa ação, Eduardo dos Santos Pereira, condenado a 108 anos de prisão, encontra-se foragido desde 2020, quando escapou da prisão através da porta lateral.

Dez homens estiveram envolvidos na fatídica noite de estupro coletivo e feminicídio, que vitimou a professora Izabella Pajuçara e a recepcionista Michele Domingos. De acordo com o advogado da família de Izabella, apenas um deles permanece preso em regime fechado.

O caso

No dia da festa, ocorrida em 11 de fevereiro, um sábado, a professora Izabella Pajuçara, de 27 anos, compartilhou uma música de oração de São Jorge em suas redes sociais, onde se lia: “eu andarei vestido com as armas de Jorge, para que meus inimigos tendo pés não me alcancem, tendo mãos não me peguem, tendo os olhos não me vejam e nem em pensamento possam me fazer mal”.

Segundo a irmã de Izabella, Izânia Pajuçara, talvez a professora estivesse sentindo a necessidade de proteção divina de alguma forma.

Antes de ir à festa, Michele Domingos, recepcionista de 29 anos, acompanhou a irmã mais nova de Izabella a uma igreja, conforme relatado pela delegada Cassandra Duarte, responsável pelo caso. Segundo a delegada, a irmã mais nova de Izabella seria o alvo inicial do estupro coletivo planejado.

As investigações revelaram que os abusos foram meticulosamente planejados pelos irmãos Luciano e Eduardo dos Santos Pereira, que convidaram outros homens para participar do estupro coletivo durante a festa de aniversário de Luciano. O crime foi descrito no processo como um “presente” para o aniversariante.

Na casa, encontravam-se sete mulheres, nove homens e três adolescentes. Eduardo e Luciano organizaram a festa, convidaram as vítimas e dirigiram-se a um mercado para comprar cordas e lacres do tipo “enforca-gato”, com a intenção de amarrar as vítimas e forçar relações sexuais.

Por volta da meia-noite, Eduardo e Luciano, juntamente com três adolescentes e outros cinco homens presentes na festa, simularam um assalto, adentrando a residência encapuzados. O plano era render as vítimas, amarrá-las e vendá-las para então cometê-los em um estupro coletivo.

Plano dos criminosos dá errado

Na trágica noite, enquanto era submetida ao estupro, Izabella lutou e conseguiu identificar Eduardo como um dos agressores. Em um dos depoimentos, um dos suspeitos revelou os pedidos desesperados da vítima que reconheceu o estuprador e implorou para não ser violentada. “Tanto que eu fiz por você! Não faça isso! Pare, minha mãe não aguenta isso não”, suplicou ela.

Após esse momento de angústia, os abusos foram interrompidos e os homens fugiram de carro, levando consigo Izabella Pajuçara e Michele Domingos, que também estava no local e teria ouvido a fala de sua amiga reconhecendo o agressor.

Michele chegou a saltar do veículo em movimento, mas foi brutalmente alvejada por quatro tiros, dois deles na cabeça, em frente à igreja Matriz, no Centro de Queimadas. Ela foi levada às pressas para o hospital da cidade, mas não resistiu aos ferimentos. Por sua vez, Izabella foi encontrada na estrada que liga Queimadas a Fagundes, dentro do carro utilizado na fuga dos criminosos, com uma meia em sua boca e três ferimentos de arma de fogo.

A família de Izabella tomou conhecimento do suposto assalto quando sua irmã mais nova, que também estava presente na festa, chegou aflita, relatando o que havia acabado de ocorrer e informando que os criminosos haviam levado Izabella e Michele. Iniciaram-se, então, as buscas, mas os familiares logo começaram a suspeitar dos próprios envolvidos, percebendo sua aparente “frieza”.

Ao prestar queixa do assalto na delegacia, o dono da festa despertou desconfianças por parte das autoridades. O delegado regional André Luis Rabelo de Vasconcelos questionou sua reação, perguntando como alguém que vivenciou um crime tão bárbaro em sua própria residência e durante a celebração do aniversário de um parente poderia estar sorrindo apenas meia hora depois dos eventos.

Um dos suspeitos, de 28 anos, chegou até mesmo a comparecer ao velório de Izabella, onde foi preso.

Após aquele fatídico dia, os familiares das vítimas iniciaram uma incansável batalha por justiça, enquanto lidavam com a dor da perda. A mãe de Izabella, mergulhada em uma profunda depressão, passou oito anos praticamente reclusa em casa, até falecer em 2020.

Condenações

Eduardo, o mentor por trás da Barbárie de Queimadas, fugiu da prisão e seu paradeiro permanece desconhecido. Em 2014, ele foi condenado a 108 anos de prisão pelos crimes de homicídio, formação de quadrilha, cárcere privado, corrupção de menores, porte ilegal de arma e estupro. Já seu irmão, Luciano dos Santos Pereira, cumpre uma sentença de 44 anos de prisão em regime fechado.

Eduardo no banco dos réus

Outros cinco homens também foram condenados pelo envolvimento no crime. Um deles, beneficiado pelo regime semiaberto, foi morto a tiros apenas dois meses após sua liberação. Além disso, três adolescentes envolvidos no caso foram julgados e cumpriram medidas socioeducativas.

Embora o caso tenha parecido estar encerrado com as condenações, a fuga de Eduardo dos Santos Pereira em 2020 trouxe à tona a sensação de impunidade e revolta para as famílias das vítimas. Desde então, um mandado de prisão contra ele permanece em aberto, mas seu paradeiro permanece desconhecido.

 

PB Agora

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