Catadoras de papel encontram corpo de menina na Argentina
Duas catadoras de papel, cujos nomes não foram revelados, encontraram na quarta-feira o corpo da menina de 11 anos Candela Sol Rodríguez, que estava desaparecida havia dez dias, segundo a polícia da província de Buenos Aires.
A menina havia sido sequestrada no dia 22 de agosto, na esquina de casa, no bairro de Hurlingham. As duas catadoras vasculhavam um terreno abandonado, no mesmo bairro, quando descobriram o corpo, esquartejado, em diferentes bolsas de plástico, informou o site do jornal Clarín.
"Elas (as catadoras) nos procuraram em estado de choque e nos disseram que tinha um corpo em bolsas", contou o comerciante Gastón Mentaberry.
Ele ligou para a polícia e logo depois autoridades do governo local telefonaram para a mãe da menina, Carola, que reconheceu o corpo.
"Mataram a minha filha, meu Deus, mataram a minha filha", disse.
Horas antes, ela tinha afirmado à uma rádio local, a Diez, que tinha esperanças de encontrar a menina viva.
"Sei que minha filha está viva e não vou desistir de encontrá-la. Se não fosse assim já teriam me entregue seu corpo", afirmou.
COMOÇÃO
A mãe da menina foi recebida na semana passada pela presidente Cristina Kirchner e participou de várias manifestações em busca do paradeiro da filha.
A tragédia comoveu a Argentina e é o principal assunto nas emissoras de rádio e de televisão do país.
"O final menos esperado", afirmou a TV C5N.
Esta semana, os principais artistas argentinos participaram de uma maratona de apelos pelo reaparecimento da menina, organizada pela ONG Rede Solidária.
Logo após a notícia da descoberta do corpo de Candela, o ator Ricardo Darín (do filme "O Segredo Dos Seus Olhos"), ao lado de outros artistas, deu uma entrevista à imprensa pedindo justiça.
"Este foi um crime atroz. Queremos abraçar a família de Candela. E temos que dizer basta à violência", afirmou.
DINHEIRO
Moradores de Hurlingham realizaram, na noite de quarta-feira, uma vigília na porta da casa da família da menina, com velas, pedindo justiça.
No Twitter, centenas de pessoas pediram "Justiça por Candela".
Nos últimos dias, a mãe da menina contou que Candela tinha saído de casa para se encontrar com amigas com as quais iria para uma reunião de adolescentes da igreja católica que frequentava no bairro.
Mas pouco depois as amigas da menina tocaram a campainha da casa dizendo que ela não tinha aparecido no lugar marcado.
A polícia investiga, agora, uma gravação na qual uma voz de homem ameaça matar a menina se o pai dela, Alfredo Rodríguez, que está preso, não lhe pagasse uma suposta dívida.
"Que ele diga onde está o dinheiro", diz a voz. O caso intriga os especialistas.
"Existem evidências de que o sequestro e homicídio de Candela não foram obra de um assassino solitário. Somente uma organização com uma estrutura de peso pode manter uma menina sequestrada durante tantos dias quando ela era buscada por mais de dois mil policiais", escreveu o jornalista Gustavo Carabajal, no site do jornal La Nación.
Os policiais contaram com apoio de helicópteros e cães farejadores e chegaram a vasculhar casa por casa do bairro onde a menina morava e foi encontrada morta.
Folha