A defesa de Lindemberg Alves Fernandes, acusado de matar a estudante Eloá Cristina Pimentel, 15 anos, apresentou aos jurados, nesta segunda-feira, mais de uma hora e meia de reportagens de TV em que é questionado o trabalho dos negociadores do Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate), da Polícia Militar e da imprensa durante o sequestro, que durou mais de 100 horas. O julgamento do caso começou hoje no Fórum de Santo André, na Grande São Paulo.
Ao que indicam as reportagens, a estratégia inicial dos advogados do réu é culpar a PM e a imprensa pelo prolongamento do sequestro de Eloá e da amiga Nayara Rodrigues da Silva, que foi baleada.
O primeiro vídeo a que os jurados assistiram foi uma reportagem da TV Globo, exibida a pedido da promotora Daniela Hashimoto, em que o perito Ricardo Molina, convocado como testemunha de defesa, analisa a sequência de atos que antecederam os disparos contra a jovem. Segundo essa reportagem, não há dúvidas de que os tiros que mataram Eloá e feriram Nayara partiram da arma de Lindemberg. Esse foi o único vídeo exibido pelo Ministério Público, responsável pela acusação.
Já a advogada Ana Lúcia Assad exibiu diversas matérias em que se questiona a ação do Gate. Em uma delas, uma das fontes ouvidas diz que a Polícia Militar teve a oportunidade de atirar contra Lindemberg e não o fez.
Em outro vídeo exibido, o Conselho Tutelar diz discordar do retorno de Nayara para o cativeiro e, novamente, culpa os negociadores do Gate pelo que chama de "erro". A defesa exibiu ainda a entrevista que a apresentadora Sônia Abrão, também convocada para testemunhar, fez com Lindemberg ao vivo durante o sequestro.
Antes, porém, existem diversas reportagens em que o trabalho da imprensa é criticado. Em um desses vídeos, o apresentador Brito Junior, da TV Record, diz que os jornalistas deveriam fazer uma "auto-análise" sobre até que ponto a cobertura "interferiu" nos trabalhos dos negociadores – a declaração foi feita em uma palestra.
Em outro momento, o apresentador José Datena, da Band, ataca os jornalistas "metidos a negociadores". Antes da apresentação dos vídeos, a advogada de Lindemberg já havia demonstrado que a crítica ao "sensacionalismo" da imprensa seria uma de suas estratégias de defesa. "A imprensa marrom atrapalhou bastante o meu trabalho".
Para a defesa, caso a PM tivesse agido antes e a imprensa não tivesse espetacularizado o caso, Lindemberg teria se entregado e Eloá não teria morrido.
Ao todo, 19 testemunhas, sendo cinco de acusação de 14 de defesa foram convocadas. Porém, quatro testemunhas foram dispensadas pelos advogados de Lindemberg: os jornalistas Roberto Cabrini (SBT), Sônia Abrão (Rede TV!), e Reinaldo Gottino (Record), e o perito Ricardo Molina. Além deles, a defesa pediu para substituir duas testemunhas: foram dispensados o perito Nelson Gonçalves e a jornalista Ana Paula Neves (Record), para que a mãe e o irmão de Eloá, Ana Cristina e Douglas, fossem ouvidos. A promotoria discordou da troca, mas a juíza Milena Dias aceitou a substituição.
Cárcere de 101 horas termina com morte trágica
Elóa, ex-namorada de Lindemberg, morreu em 17 de outubro de 2008, após 101 horas de cárcere privado. Motivado pela inconformidade com o fim do relacionamento, o acusado invadiu o apartamento da ex-namorada e a proibiu, sob a mira de duas armas, junto com a amiga Nayara Rodrigues da Silva, de deixar o imóvel. Eloá morreu após ser atingida por dois tiros: um na cabeça e outro na virilha.
Lindemberg invadiu o apartamento no dia 13 de outubro, rendendo Eloá, Nayara e mais dois colegas de aula das jovens, Victor Lopes de Campos e Iago Vieira de Oliveira, que logo foram libertados pelo acusado. A amiga de Eloá, que também chegou a deixar o cativeiro, no dia 14, retornou ao imóvel dois dias depois para negociar com Lindemberg, momento em que, ao entrar no apartamento, voltou a ser feita refém.
Mesmo com o aparente cansaço de Lindemberg, indicando uma possível rendição, no final da tarde no dia 17, a polícia invadiu o apartamento, supostamente após ouvir um disparo no interior do imóvel. Antes de ser dominado, segundo a polícia, Lindemberg atirou contra as reféns, matando Eloá e ferindo Nayara no rosto.
No dia 13 de fevereiro de 2012, teve início o julgamento de Lindemberg, no Fórum de Santo André, na Grande São Paulo. O júri popular foi composto por seis homens e uma mulher.
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