A sindicância interna realizada no Presídio do Serrotão continua e a cada dia surgem novas denúncias de favorecimento pessoal de detentos. Após uma sequência de depoimentos colhidos entre os presos do local descobriu-se que no interior da penitenciária funcionava um esquema de prostituição que contava com apoio dos responsáveis pela segurança do espaço.
O esquema funcionava de forma constante, duas ou até três vezes no mês, com a visita de garotas de programa, que dentro do presídio, realizavam os desejos sexuais de apenados e até de funcionários do Serrotão. O mais grave da denúncia é que em algumas ocasiões as profissionais do sexo chegavam a ser transportadas em um veículo oficial pertencente a Secretaria de Administração Penitenciária. Cada programa custava de R$ 20 a R$ 30. Algumas delas chegavam a passar até três dias nos pavilhões.
"Quando achamos que já descobrimos tudo, nos surpreendemos com mais uma denúncia grave. A nossa missão é esclarecer, mostrar os problemas e apontar os responsáveis e isso iremos fazer junto com os demais membros da comissão. O esquema de prostituição existia de forma muito nítida, onde quase todos os detentos sabiam como funcionava", comentou Willians Guisepe de Oliveira, que integra a comissão.
Conforme as investigações, as garotas de programa marcavam o dia em que iriam para o presídio e algumas vezes elas eram conduzidas por viaturas da secretaria de Administração Penitenciária. Willians acrescentou que a sindicância ainda está investigando se os agentes recebiam alguma quantia em dinheiro pelo envolvimento ou se apenas eram beneficiados com os "serviços" das garotas. Os levantamentos também mostram que as mulheres chegavam a passar até três dias dentro dos pavilhões, mantendo relações sexuais com os apenados.
Os próximos passos da investigação, segundo Willians Guisepe, é identificar os responsáveis diretos e indiretos pela prática. "Já estamos identificando e acreditamos que no final da sindicância, vamos apontar os responsáveis pela irregularidade", comentou.
Outro fator importante, que se deve levar em consideração, é o perfil dos profissionais que se submetem a este tipo de situação. No levantamento feito pela sindicância ficou comprovado que, em sua grande maioria, os autores dos crimes são funcionários que não possuem vínculo empregatício efetivo com o estado da Paraíba.
Até o dia 20 de junho, a comissão de intervenção no Presídio Regional do Serrotão espera concluir todos as investigações.
Diário da Borborema