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Idosos: negligência, abandono e violência, especialistas alertam para crescimento de casos de abusos contra membros da 3ª idade

O Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania registrou o aumento de 855% nas denúncias de abandono de idosos no período de janeiro a maio deste ano, em relação ao mesmo período do ano passado. Os dados foram divulgados pelo Ministério no contexto do Junho Violeta – mês de conscientização e prevenção da violência contra a pessoa idosa. Para avaliar esses tipos de violência contra a pessoa idosa registrados pela Delegacia Especializada no Atendimento ao Idoso, da Polícia Civil da Paraíba em João Pessoa, foi ouvido a delegada titular da área, Vera Lúcia Soares e a advogada Patrícia Aparecida Trindade Vargas.

Segundo Vera Lúcia Soares, a maioria das situações de maus-tratos acontece dentro de casa, por pessoas da própria família, especialmente filhos e netos. “Geralmente, as denúncias de maus-tratos aos idosos infelizmente envolvem a própria família, especialmente o filho ou o neto. Na maioria das vezes, é a própria família que maltrata o idoso, que dá golpe no idoso. Muitos, mesmo usufruindo daquilo que o idoso tem, não o respeitam”, afirmou a delegada, ao destacar ainda que diariamente a Delegacia Especializada no Atendimento ao Idoso, da Polícia Civil em João Pessoa recebe denúncias de maus-tratos, mas todas elas são investigadas. “Às vezes, o próprio idoso vem denunciar inclusive. Diariamente recebemos denúncias e diariamente estamos investigando, porque quando a gente tem conhecimento da denúncia, a gente parte para a investigação para ver se aquela situação procede ou não”, comentou.

Mas a policial lembra que ainda existem casos em que o denunciante não gosta da família e quer acusá-la sem nenhuma situação criminosa. “Mas, em muitas situações, a gente verifica que realmente é verdade e toma as providências cabíveis. Partimos para o inquérito policial, e, quando o idoso está sendo maltratado, a gente faz a medida protetiva (no caso de mulher idosa) para que o agressor saia da casa. Todas as providências são tomadas. Hoje em dia, o idoso se sente mais à vontade para relatar as situações na Delegacia. Muitos idosos vêm não apenas para denunciar, mas também para tirar dúvidas e conversar para entender sobre alguma ação de herança, dinheiro ou bens”, afirmou.

Nacionalmente de janeiro a maio, o Disque 100 registrou aumento de 87% das violações de direitos humanos contra pessoas com 60 anos ou mais em comparação ao mesmo período do ano anterior. Foram quase 20 mil registros de abandono nos primeiros cinco meses deste ano, ante 2.092 casos de 2022. Patrícia Trindade enfatiza que boa parte dos maus-tratos é cometida por membros da família da vítima, incluindo filhos e netos, com casos que vão desde agressão física e moral, abuso financeiro até estupro.

País de idosos
De acordo com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no dia 15 de junho, 10,5% da população brasileira tem 65 anos ou mais. Na última década, houve um aumento dessa proporção, porque, em 2012, o percentual era de 7,7%. O Brasil tinha 212,7 milhões de habitantes em 2021, de acordo com a prévia do Censo 2022.

Maus-tratos
A população adulta entre 30 e 64 anos também cresceu, ao passar de 42,4% em 2012 para 46,1%. Por outro lado, a proporção da população mais jovem diminuiu. Aqueles com 18 a 29 anos passaram de 20,9% para 18,7% dos habitantes, enquanto as pessoas com menos de 18 anos recuaram de 29% em 2012 para 24,6% em 2022. A persistir esse ritmo de envelhecimento da população brasileira, em 2050 o país – que trata muito mal os seus idosos – terá saltado de 24 milhões para 66 milhões de pessoas com mais de 60 anos.

Da Redação

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