Desde o advento do carro flex, o setor agrícola brasileiro vem sendo marcado por um novo ciclo no plantio da cana-de-açúcar para obtenção do álcool combustível, não apenas para substituição do petróleo devido à elevação dos preços internacionais, mas por questões relacionadas às mudanças climáticas, já que o etanol é uma fonte alternativa de energia renovável e menos poluidora. Apesar dos benefícios econômicos apresentados pela expansão do setor sucroalcooleiro, algumas questões precisam ser mais bem discutidas sobre a cultura, como os impactos ambientais causados pelas queimadas, que segundo a gerente de Construção e Manutenção da Energisa, Danielly Formiga, tal pratica já causou a perda de energia a mais de 400 mil paraibanos, em 2020.
“É muito comum que as pessoas façam queimadas nos canaviais e no campo sem se preocuparem com a rede elétrica. O fogo muitas vezes acaba atingindo nossas redes e ocasionando curtos-circuitos. O risco é enorme para quem faz isso. Esta prática, além dos danos ambientais, provoca também a interrupção do fornecimento de energia, deixando muitas vezes cidades inteiras sem luz, e a concessionária só pode restabelecer a energia após o fim do incêndio”, diz a especialista.
Uma das práticas mais comuns ainda hoje utilizada no Brasil é a queima da palha da cana-de-açúcar, com o propósito de facilitar as operações de colheita. A queimada consiste em atear fogo no canavial para promover a limpeza das folhas secas e verdes que são consideradas matéria-prima descartável. Um dos pontos mais críticos sobre a queima da palha da cana-de-açúcar são as emissões de gases do efeito estufa na atmosfera, principalmente o gás carbônico (CO2), como também o monóxido de carbono (CO), óxido nitroso (N2O), metano (CH4) e a formação do ozônio (O3), além da poluição do ar atmosférico pela fumaça e fuligem.
Na Paraíba, tal problema atinge principalmente as cidades de Santa Rita, Sapé, Rio Tinto, Mamanguape, Mataraca, Jacaraú, Cruz do Espírito Santo, Caaporã e Mata Redonda, e tem se intensificado nesse mês de setembro/21. No Sertão, estas ocorrências, oriundas de queimadas na vegetação, têm sido registradas nas proximidades das cidades de Sousa, Cajazeiras e Coremas, principalmente. Somente este ano de 2021, já foram registradas cerca de 30 ocorrências de queimadas que geraram interrupções no fornecimento de energia elétrica a quase 11 mil clientes. Em 2020, foram registradas mais de 80 ocorrências, as quais afetaram mais de 400 mil clientes.
Redação