O ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral (MDB) afirmou na tarde de hoje em depoimento ao juiz Marcelo Bretas –responsável pelas ações em primeira instância da Lava Jato no Rio — que o empresário Arthur Soares pagou R$ 6 milhões, via caixa 2, para a campanha de Eduardo Paes (atualmente do DEM, na época no MDB) à prefeitura do Rio, em 2008. Na denúncia Cabral afirma que Arthur deu R$ 5 milhões à campanha do ex-senador paraibano Lindbergh Farias ao Senado.
No depoimento, Cabral disse que ajudou a intermediar o pagamento à campanha do seu então correligionário. Em nota, Paes afirmou que todas as doações de campanha foram aprovadas pela justiça.
“O Eduardo Paes era inexpressivo do ponto de vista eleitoral àquela altura, mas eu o apoiei e precisava de investimentos para esta candidatura. O crédito desta doação de campanha é meu”, disse o ex-governador Sergio Cabral.
O empresário está foragido desde 2017. Além de pagar propina e Caixa 2 a governantes, ele é suspeito de ter comprado votos de membros africanos do Comitê Olímpico Internacional para que o Rio de Janeiro fosse escolhido sede dos Jogos Olímpicos de 2016, por isso o depoimento foi prestado no âmbito da Operação Unfair Play [um desdobramento da Lava Jato no Rio que se dedica aos crimes cometidos no contexto da realização da Olimpíada].
Doação para Cabral e Lindbergh
No depoimento, o ex-governador admitiu que também recebeu propina e Caixa 2 do empresário. “Em 2002, ele se aproxima de mim na minha candidatura ao Senado. Ele doou R$ 1 milhão para a minha campanha e passamos a nos encontrar nos Estados Unidos com frequência. Quando me elegi governador, em 2006, ele doou R$ 5 milhões como caixa 2”, garantiu Cabral.
O valor teria se repetido quatro anos depois, quando Cabral se reelegeu governador. Segundo o emedebista, os repasses também foram feitos ao ex-senador paraibano Lindbergh Farias (PT).
“Em 2010, como a campanha foi muito grande, Arthur deu R$ 5 milhões à minha campanha, mas deu mais 5 milhões à campanha do Lindbergh Farias ao Senado, a meu pedido, já que o apoiava”.
Outro lado
Em nota, a assessoria de Eduardo Paes afirmou que todas as doações para campanhas do ex-prefeito “sempre foram realizadas de forma voluntária e espontânea. As doações foram declaradas e devidamente aprovadas pela Justiça Eleitoral. Aliás, o próprio Sr. Sérgio Cabral já admitiu perante o Juiz Marcelo Bretas que Eduardo Paes não fazia parte da sua organização”.
A reportagem não conseguiu contato com os ex-governadores Anthony e Rosinha Garotinho e com o ex-senador Lindbergh Farias. A defesa de Jonas Lopes ainda não se manifestou sobre as falas de Cabral.
Redação com Uol
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