Mãe de Eloá diz não aceitar perdão pedido por Lindemberg
‘Ele teve três anos para me pedir perdão’, afirma Ana Cristina Pimentel. Ela diz que quer lembrar apenas de momentos bons vividos com a filha.
A mãe de Eloá Pimentel, Ana Cristina Pimentel, que viu o assassino de sua filha, Lindemberg Alves, ser condenado a 98 anos de prisão, afirmou nesta segunda-feira (27) que não aceitou seu pedido de desculpas. “O Lindemberg teve três anos para me pedir perdão. Teve todas as oportunidades. Ele poderia ter escrito. A mãe dele vai visitá-lo. E não o fez. No dia, quando ele me viu, a advogada foi falar no ouvido dele. Pareceu orientação. Então, é um perdão que eu não aceito.“Em entrevista concedida no escritório de seu advogado, ela disse que o condenado por matar Eloá mentiu “em tudo” no julgamento. “A única coisa em que não mentiu foi quando disse que atirou na Eloá.” Segundo ela, Lindemberg mentiu, inclusive, quando disse que ele e Eloá haviam reatado o namoro dias antes do sequestro. “Ela queria distância dele.”
A mãe disse que Lindemberg dava mostras de que não estava bem. "Todo dia ele me ligava dizendo que faria uma besteira. Mas nós pensamos que seria com ele mesmo”, disse. Ana Cristina também afirmou que espera que ele pague pelo crime. “Tem que pagar aqui, porque, em outro ponto, não tem onde pagar (…) Mas a justiça que eu espero é a de Deus.”
Agora, mais de três anos após o crime e com Lindemberg julgado, Ana Cristina disse que está virando "uma página da sua vida". “Eu fiquei com o sistema nervoso muito abalado. Mas passou. É uma página que estou virando na minha vida. De agora em diante quero lembrar só dos momentos bons que tive com a minha filha e cuidar dos meus filhos (Ronickson e Everton Douglas)", afirmou.
Séria durante toda a entrevista, ela só abriu o sorriso ao ver o neto Vitor, de apenas 7 meses. No fim da coletiva, deu um abraço no receptor do rim e do pâncreas de Eloá, Emerson Gentil Dardes, de 28 anos, que acompanhou a entrevista.
Julgamento
O julgamento de Lindemberg Alves durou quatro dias e foi realizado no Fórum de Santo André, no ABC. A decisão foi lida pela juíza Milena Dias no último dia 16, pouco mais de três anos do sequestro em outubro de 2008, que durou mais de cem horas. No quinto dia do sequestro, em 17 de outubro de 2008, Eloá recebeu dois tiros de Lindemberg, um na região de virilha e outro na cabeça. Já Nayara, amiga de Eloá, levou um tiro que atingiu a mão e a boca, mas sobreviveu.
No julgamento, Lindemberg tentou convencer o júri de que não teve a intenção de matar Eloá e que gostava dela. O disparo, segundo ele, foi uma reação a um movimento feito pela garota no momento da invasão pelo Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate).
G1