Reportagem recente do jornal Valor Econômico, deu destaque a produção literária, do escritor Bruno Ribeiro, que vive na Paraíba há mais de uma década e é o autor do livro ‘Era apenas um presente para o meu irmão’, que trata de caso de violação e feminicídio ocorrido em Queimadas, na Paraíba. A reportagem considera, o livro uma ‘uma apuração primorosa’.
A obra de Bruno Ribeiro buscou reconstruir o crime bárbaro e entender suas consequências. “A vontade de escrever sobre a Barbárie se deu pela minha busca na literatura de maneira geral: entender como traumas, coletivos ou individuais, podem alterar pessoas e lugares. Este crime marcou Queimadas e deixou uma cicatriz infindável. E sempre me inquietou a violência a ponto de querer entendê-la melhor com o meu trabalho. Não foi a magnitude do crime que me chamou a atenção, mas o quão inexplicável ele é”, disse o autor.
Segundo a reportagem, Queimadas, uma pequena cidade no sertão da Paraíba, próxima a Campina Grande, é uma daquelas cidades que “parecem reguladas pelo ritmo da natureza”. Não há nela nada da agitação, barulho ou movimento das cidades médias ou grandes. Como acontece em qualquer pequena localidade, sobretudo nas rurais, “pela noite, elas apagam, silenciam”.
E esse silêncio está reservado mesmo às “suas corrupções, violências e transgressões”, conforme descreve o escritor paraibano Bruno Ribeiro em “Era apenas um presente para meu irmão: A barbárie de Queimadas”. O livro-reportagem narra um caso de violação coletiva e assassinato de mulheres ocorrido na cidade que “costumava omitir as crises”.
O crime foi planejado para assemelhar-se a um assalto em plena festa de aniversário de Luciano dos Santos Pereira naquele 12 de fevereiro de 2012. O autor do crime foi seu irmão, Eduardo dos Santos Pereira. Filhos de cidadãos queimadenses, os dois viveram parte da vida no Rio de Janeiro, para onde os pais migraram quando eles eram crianças. Na adolescência, saíram do Rio para viver em Queimadas, fazendo o percurso contrário dos pais.
De volta à terra natal, impuseram-se, dado o tempo vivido na Favela da Rocinha, que inspirava medo nos locais e povoava o imaginário popular com “histórias que narravam possíveis ligações dos irmãos com o Nem da Rocinha e com o Comando Vermelho”. Eduardo pretendia “presentear” Luciano oferecendo-lhe uma violação coletiva a cinco convidadas do churrasco de aniversário, presas em um quarto. Mascarados, os dois irmãos e os oito demais violadores não seriam reconhecidos com as luzes apagadas. Não foi o que aconteceu. Eduardo acabou reconhecido debaixo da máscara. Por essa razão, duas das cinco mulheres foram assassinadas.
O silêncio com o qual Eduardo, Luciano e os demais criminosos contavam tampouco se cumpriu. “Muita gente na cidade não queria que a notícia vazasse, então começaram a se incomodar com a minha presença nos lugares, na mídia, nos jornais”, relata Isânia Petrúcia Frazão Monteiro, irmã de Izabella, descrita como “popular, querida e invejada por homens e mulheres”, morta por ter reconhecido Eduardo. A presença de Pryscila, que sobreviveu à noite de terror, também incomodava. Veja mais detalhes: https://valor.globo.com/eu-e/noticia/2023/08/26/livro-reportagem-sobre-a-barbarie-de-queimadas-tem-apuracao-primorosa.ghtml
Redação