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Mídia nacional repercute suposta negociação do filho de Marcelinho PB com líder de esquema de aposta

O filho do ex-jogador Marcelinho Paraíba, Rodrigo Nascimento dos Santos, aparece em troca de mensagens com Bruno Lopez no inquérito do Ministério Público de Goiás (MP-GO) sobre um esquema fraudulento envolvendo apostas esportivas.

De acordo com a investigação nos documentos, Rodrigo Paraíba aparece negociando o que seria a derrota do São Paulo Crystal para o Treze na semifinal do Campeonato Paraibano deste ano. Para a reportagem, por telefone, o filho do ex-jogador do São Paulo e da seleção brasileira negou qualquer tipo de participação no esquema fraudulento.

Em conversa do dia 25 de março, Bruno Lopez, o “BL”, apontado como chefe da quadrilha, questiona Santos se “vai rolar mesmo o escanteio”, em referência a uma suposta fraude em um tiro de canto para o Treze. Em resposta, Rodrigo diz garantir “o jogo todo” e não apenas a cobrança de escanteio. No dia seguinte, o São Paulo Crystal foi derrotado por 1 a 0, depois de empatar a partida de ida por 1 a 1.

Rodrigo diz na conversa com BL que os jogadores do São Paulo Crystal já teriam recebido contatos de outros apostadores para perderem a partida deliberadamente. Segundo ele, a derrota já estaria “facilitada” e Bruno deveria transferir uma quantia, após o jogo, para um intermediário, que seria um jogador cuja identidade não foi revelada no inquérito. BL demonstra receio no esquema e cita prejuízos em manipulações recentes.

As investigações do MP indicam que a manipulação no Campeonato Paraibano era algo recorrente. Zildo Peixoto Neto, um dos apostadores envolvidos no esquema, afirmou, em depoimento, que a quadrilha havia investido cerca de R$ 30 mil em fevereiro. Bruno comandava quais apostas seriam feitas na competição.

Bruno Lopez foi preso em 14 de fevereiro, durante a deflagração da primeira fase da Operação Penalidade Máxima, e solto cinco dias depois por meio de habeas corpus. Ele voltou a ser detido pela polícia em abril, na segunda fase da ação do MP-GO, e está preso desde então. A expectativa é de que ele seja transferido de São Paulo para Goiânia, onde as investigações estão concentradas. Por sua vez, Rodrigo não está entre os investigados, tampouco foi intimado pelo Ministério Público para prestar depoimento.

25/03/2023 – Véspera da semifinal entre São Paulo Crystal e Treze

BL: E aí, vai rolar mesmo o escanteio?
Rodrigo: Tô vendo aqui.
Rodrigo: Mano, garanto o jogo todo e não o escanteio.
BL: Entendeu. O jogo todo, isso?
Rodrigo: Mano, o jogo todo porque sei que eles só não tem dois (jogadores) na parada.
BL: Mas e perder?
Rodrigo: O Treze ganha. Boatos de que já foi dado até 70 mil para os jogadores dividirem. Aí eles vão facilitar.
BL: Entendi. Então Treze ganha. Certeza?
Rodrigo: Isso, mano. Sim.
BL: Meu truta, você tá querendo cobrar uma parada que nem tem certeza? Nós estamos devendo, e você? É isso mesmo?
Rodrigo: Eu não sou cobra, mano. O atleta é meu, patrão. Só vou entrar e mandar se for certeza. Achando que sou “muleke” ou idiota de entrar em alguma furada?
BL: Avisa ele que após o jogo eu mando.
Rodrigo: Vou falar. Não sei se ele vai querer mais, né.

O que diz Rodrigo Paraíba?
A reportagem do Estadão entrou em contato com Rodrigo Paraíba, que confirmou a autenticidade das conversas e participação nas apostas. No entanto, segundo ele, não houve uma manipulação dos jogos, mas sim uma “previsão” de qual time venceria a semifinal – no caso, o Treze. “Foi uma aposta pensando em qual seria o time mais provável de vencer”, diz

Diferentemente do que apontam os registros obtidos pelo Ministério Público, Rodrigo defende que não teve contato direto com os jogadores do São Paulo Crystal. Além disso, diz que não conhece Bruno Lopez e só conversou com o suposto chefe do esquema de apostas por causa de uma terceira pessoa, que passou seu número de telefone a ele. O nome do intermediário não foi revelado.

Da Redação com Estadão

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