A PF (Polícia Federal) em Santos (a 72 km de São Paulo) informou nesta quinta-feira (13) que conseguiu prender uma quadrilha que atuava no desvio de cartões e boletos bancários com ajuda de funcionários dos Correios. As fraudes superaram R$ 5 milhões, segundo a corporação.
Vinte e oito mandados de prisão – entre eles, os de dois carteiros – e 30 de busca e apreensão foram cumpridos na capital, em quatro cidades da Baixada Santista (Santos, São Vicente, Praia Grande e Cubatão) e em duas do interior (Atibaia e Bom Jesus dos Perdões). Até o momento há 14 pessoas presas.
A operação policial, denominada "Corrieu" (correio, no dialeto provençal, falado em locais como o sul da França), começou em junho do ano passado. Os Correios e bancos públicos e privados ajudaram nas investigações.
A polícia identificou dois tipos de fraude. Em um deles, correspondências contendo cartões bancários eram desviadas de um centro de distribuição dos Correios. Com os cartões, o bando obtinha irregularmente dados completos desses clientes.
Baseadas nessas informações, mulheres telefonavam para as vítimas de uma central em São Paulo, como se fossem funcionárias dos bancos, e pediam confirmação de dados. Simulavam "jingles" dos bancos nas ligações. Clientes digitavam senhas no telefone, que eram identificadas e copiadas.
Os dados eram suficientes para que outro integrante da quadrilha telefonasse para o banco correspondente e desbloqueasse o cartão. Uma parcela do dinheiro era sacada e gasta no Brasil. Outros membros eram enviados aos Estados Unidos para fazer compras com os cartões clonados.
Parte do valor era investida na compra de equipamentos, cartões para clonagem e telefones. Movimentavam-se entre 150 e 300 cartões bancários por semana. A PF informa ter monitorado as viagens e apreendido os bens.
Desvio de boletos
Outra fraude, também cometida em um centro de distribuição de correspondências, tinha a ajuda de carteiros. Esses funcionários separavam envelopes com boletos de cobrança e os entregavam para a quadrilha.
Um membro do grupo adulterava o código de barras, entregava o documento fraudado ao carteiro e cliente o recebia. Ao pagar o valor expresso no boleto, o dinheiro era depositado em contas abertas pelos criminosos.
Os presos foram indiciados por seis crimes (furto, associação criminosa, falsificação de documento público, falsificação de documento privado, peculato e corrupção ativa) e com base na Lei Federal 12.850, de 2013, que estabelece penas para quem integra organizações criminosas.
UOL