O pediatra Fernando Paredes Cunha Lima, de 81 anos, foi formalmente indiciado pela Polícia Civil da Paraíba pelo crime de estupro de vulnerável, envolvendo quatro crianças. O inquérito, concluído recentemente, resultou em uma coletiva de imprensa realizada nesta quarta-feira (14) na Central de Polícia, onde as autoridades forneceram detalhes do caso.
A defesa do médico afirmou, em nota oficial, que tomou conhecimento do indiciamento através da imprensa e, devido ao sigilo que envolve o processo, não poderá fornecer mais informações no momento.
Conforme relato da delegada Isabel Costa, as acusações contra Cunha Lima referem-se a abusos cometidos contra quatro pacientes, com idades entre quatro e nove anos. As denúncias foram apresentadas pelas mães das crianças, que alegam ter presenciado os abusos durante consultas médicas.
O pediatra, que já prestou depoimento às autoridades, não teve os detalhes de sua defesa revelados pela delegada, devido ao segredo de justiça imposto ao caso.
Com o inquérito agora encaminhado ao Poder Judiciário da Paraíba, cabe ao Ministério Público decidir se denunciará ou não Fernando Cunha Lima. A delegada também mencionou que, caso surjam novas denúncias, um novo inquérito será instaurado pela Polícia Civil.
A investigação contra Cunha Lima teve início após uma mãe denunciar o abuso de sua filha de 9 anos, ocorrido em 25 de julho e tornado público em 6 de agosto. Após a repercussão do caso, três sobrinhas do médico relataram abusos sofridos por elas durante a infância, mas, como os crimes ocorreram há mais de 20 anos, e estão prescritos, elas atuarão como testemunhas no caso.
Em depoimento à Polícia Civil, a mãe da criança de 9 anos descreveu o momento em que viu o pediatra tocando as partes íntimas de sua filha. Ela imediatamente retirou seus dois filhos do consultório e registrou a queixa.
A investigação, conduzida pela Polícia Civil da Paraíba, aponta um padrão de comportamento, ou “modus operandi”, praticado por Fernando Cunha Lima ao longo de pelo menos 33 anos, de acordo com o delegado Cristiano Santana, superintendente da Polícia Civil. As vítimas identificadas até o momento são todas meninas, com idades entre 4 e 9 anos, no momento dos abusos.
Fernando Paredes Cunha Lima é um pediatra renomado em João Pessoa, com uma clínica particular no bairro de Tambauzinho. Ele se registrou como médico no Conselho Regional de Medicina (CRM) em 1971, inicialmente no Distrito Federal, mas transferiu sua inscrição para a Paraíba dez dias depois.
Além de sua atuação como médico, Cunha Lima fazia parte da diretoria da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais de João Pessoa (APAE), de onde foi afastado após a divulgação das denúncias. A APAE informou que ele não atuava como médico na instituição desde 2022.
Fernando Cunha Lima também é conhecido por seu trabalho como escritor e poeta, com várias obras publicadas, incluindo “Fernando em Pessoa”, “Girassóis Urbanos” e “Sonetos com Nome de Soneto”.
Integrante de uma tradicional família paraibana, ele é irmão de Arthur Cunha Lima, conselheiro afastado do Tribunal de Contas da Paraíba, investigado na Operação Calvário, que apura desvios de recursos da saúde e educação por meio de Organizações Sociais.
Em 2015, o médico foi homenageado pela Câmara Municipal de João Pessoa com a Comenda Poeta Ronaldo Cunha Lima, em memória do falecido ex-governador da Paraíba e primo de Fernando.
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