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Quadrilha de jovens ricos roubou mais de R$ 1 mi

A polícia acredita que uma quadrilha formada por jovens de classe média alta de Franca, no interior de São Paulo, tenha invadido pelo menos 11 casas e roubado o equivalente a mais de R$ 1 milhão em seis meses. Neste sábado (21), mais um suspeito foi preso. Segundo a polícia, usando charme e sobrenomes importantes, os rapazes conseguiam informações privilegiadas para roubar residências.

Imagens obtidas durante as investigações mostram o jovem Leonardo Engler, de 19 anos, comprando gaiolas de pássaros em uma loja de Ribeirão Preto, também no interior paulista. A compra foi paga com um cartão de crédito roubado, segundo a polícia. Na loja, junto com Leonardo, estão o irmão Tiago, 24 anos, e os amigos Guilherme Alves, 21 anos, e João Paulo Limírio, 26 anos. O outro suspeito, Rafael Rossin, 20 anos, não aparece nas imagens, mas, de acordo com as investigações, também faz parte da quadrilha.

“O Leonardo é considerado o chefe da quadrilha. Tudo pra ele é uma aventura. Parece até que ele está participando de um grande filme”, diz o delegado Márcio Garcia Murari.

“Se esse rapaz [Leonardo] batesse na porta de casa e falasse que era um namorado da minha filha, eu ia receber super bem, um sobrenome legal, iria até me dar orgulho”, conta uma das vítimas.

A maioria dos suspeitos mora em casas confortáveis em Franca e, segundo a polícia, nenhum trabalha ou estuda.

“São todos de classe média, classe média alta. Jovens que frequentam a considerada alta sociedade da cidade. Têm uma estrutura familiar que realmente não caberia que os mesmos acabassem entrando para essa modalidade criminosa”, aponta o delegado.

De acordo com os policiais, baladas e namoros serviam para a quadrilha escolher as vítimas.

“Se aproveitavam dessa amizade que tinham com filhos de pessoas de bom poder aquisitivo, chegavam a frequentar residências onde aconteciam algumas festas, e aí acabavam colhendo informações do que havia na casa e de quando os familiares iriam viajar”, explica Murari.

Vítimas
Uma das vítimas, que não quis se identificar, calcula ter tido um prejuízo de R$ 70 mil. “Fiz o aniversário dos meus filhos e uma festinha de despedida do meu filho. Mas eram só meninos da sala de aula. Eu acredito que eles não vieram aqui, mas amigo do amigo, eles, às vezes, comentam alguma coisa”, diz.

Um representante comercial teve um prejuízo de R$ 15 mil. Ele também tinha feito uma festa recentemente. “Há um mês, foi aniversário da minha filha de 16 anos aqui na minha casa e vieram uns coleguinhas dela, de escola”, conta a vítima.

Ele diz que os ladrões não estavam entre os convidados. “Minha filha não conhecia nenhum deles. Como são sobrenomes de peso, sabia quem era, mas nunca teve contato”, disse.

Segundo a polícia, a maioria das casas assaltadas tinha câmeras e sistema de alarme. “A informação de que a família não estava era colhida com filhos de vítimas. Agora, o funcionamento de todo sistema de monitoramento certamente havia alguém que lhes passava”, acredita o delegado.

Os jovens invadiram um apartamento, onde se escondiam. Tudo o que os ladrões roubavam levavam para o imóvel. A polícia encontrou também cocaína e maconha. A droga seria vendida para estudantes de uma universidade que fica próxima do local.

Prisões
Estão na cadeia Rafael Rossin, João Paulo Limírio e Leonardo Engler. Guilherme Alves foi preso neste sábado (21). Tiago ainda está foragido. Por telefone, a reportagem do Fantástico tentou ouvir o pai de Leonardo e de Tiago, que negou o envolvimento dos filhos.

Os parentes dos outros suspeitos também foram procurados e não foram encontrados em suas casas. O pai de Rafael também acredita na inocência do filho. “Ele estava em casa no dia dos roubos. Tem testemunha”, disse.

Os jovens devem ser indiciados por furto qualificado, tráfico de drogas e formação de quadrilha. Outros suspeitos estão sendo investigados.

“O Leonardo foi categórico em afirmar para um dos investigadores que realmente a casa dele tinha caído. Mas ele disse pra mim: em breve, eu estarei na rua e certamente vou recuperar o tempo perdido”, conclui o delegado Márcio Murari.

Esta semana, a Justiça negou o pedido de relaxamento da prisão de Leonardo Engler. O jovem pode ser condenado a mais de 20 anos de cadeia.


G1

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