O candidato do PSDB à Presidência da República, José Serra, reclamou nesta quarta-feira (6) da participação ativa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na campanha eleitoral deste ano.
Ele reclamou das ações do presidente e defendeu um projeto para regulamentar o que o chefe do Executivo pode fazer durante sua sucessão. O tucano discursou durante encontro com aliados em um centro de convenções em Brasília.
Serra elogiou os ex-presidentes Itamar Franco (PPS), que estava presente, e Fernando Henrique Cardoso (PSDB), ausente, ao se referir ao comportamento deles durante campanhas eleitorais.
Serra afirmou que Itamar não se engajou na campanha, mesmo desejando a vitória de FHC. O mesmo, segundo ele, teria acontecido em 2002, quando ele próprio tentou suceder FHC, mas foi derrotado por Lula.
Após elogiar os aliados, ele partiu para o ataque contra o presidente. “O Brasil mudou para pior nesse aspecto. Uma das primeiras coisas que vamos ter de fazer como presidente, junto com o Congresso, por incrível que pareça, é fazer uma legislação para que se defina a participação do chefe de estado nas campanhas”, afirmou Serra.
Serra mobiliza aliados para começar disputa pelo voto no segundo turno Os elogios a Itamar foram feitos depois que este formulou uma crítica ao falar no evento. O ex-presidente afirmou que o tucano deve ouvir menos os marqueteiros de sua campanha. “Seja mais Serra e dê menos atenção aos marqueteiros”, pediu Itamar.
Em seu discurso, Serra colocou Itamar no mesmo patamar de FHC, como realizador do Plano Real. “O Plano Real é do Itamar e do Fernando Henrique, que eliminou a nuvem de poeira quente que sufocava nosso país e oprimia os pobres”.
Aborto
Serra também entrou na polêmica discussão sobre aborto. O candidato do PSDB chegou a cometer um ato falho ao fixar sua posição contra a prática.
“Nunca disse que sou contra o aborto porque eu sou a favor, ou melhor, nunca disse que sou a favor, porque eu sou contra. Tenho amigos que me acham atrasado, mas tenho meus valores históricos sobre isso e sou contra”, declarou.
O candidato ironizou a possibilidade de que o PT esteja discutindo a retirada da defesa da descriminalização do aborto do programa do partido. Ele afirmou que não se pode “enganar” a opinião pública nesses temas.
Marina
O candidato do PSDB comentou ainda a votação de Marina Silva (PV), terceira colocada nas eleições. Disse que Marina é uma pessoa “íntegra” e que isso deve ter atraído votos para a candidatura dela.
Afirmou ainda ter dito a Marina que ela pode não ter a consciência, mas que já deu uma contribuição à democracia ao encaminhar a eleição para o segundo turno. Ele não disse se pretende procurar novamente a candidata do PV em busca de apoio.
Violação de sigilo
Serra fez menção ao caso da quebra de sigilos fiscais de integrantes do PSDB e até de sua família ao afirmar que no governo dele ninguém iria perseguir e violar a vida de ninguém. O candidato tucano disse que fará um governo sem discriminação e com maioria parlamentar.
“Quero dizer que nós vamos fazer um governo de união. Vamos unir o Brasil porque queremos ter políticas para todos. Não vamos discriminar, não vamos perseguir nem revirar a vida de ninguém. Vamos ter maioria política e parlamentar para governar o Brasil.”
G1