O Seminário Imprensa e Liberdade em Pauta, realizado na última sexta-feira (14) pelo Jornal da Paraíba no auditório do Fórum Cível de João Pessoa, foi uma excelente oportunidade para debater um tema tão intrigante para o momento atual, vivido aqui na Paraíba. Foi um debate extremamente proveitoso, sobretudo quanto aos abusos praticados pelos governos, comprando editorialmente a mídia Brasil afora com verba publicitária – tema que mais chamou a atenção no evento.
Se o debate já estava bom, ficou ainda mais palpitante quando a palavra foi facultada à plateia. E coube ao colega jornalista Gutemberg Cardoso apimentar ainda mais a discussão. Gutemberg falou no justo momento em que os participantes do debate apresentavam dados de governos que usam dinheiro público para comprar jornalistas e empresas de comunicação.
Ele comentou as colocações feitas por cada participante do fórum, mas disse que o que ocorre hoje, na Paraíba, em relação ao resto do Brasil, é ‘fichinha’. Gutembreg denunciou o Governo do Estado da Paraíba, afirmando que ele persegue jornalistas e lamentou a ausência de autoridades do Ministério Público e da OAB no local, para ouvir o que ele tinha a dizer.
“Eu queria dizer isso na frente do Ministério Público, na frente de Odom Bezerra (presidente da OAB-PB, que estava no evento, mas se retirou antes do início da participação da plateia), mas ele fugiu. E vou dizer na frente da presidente da API (Associação Paraibana de Imprensa, Marcela Sitônio), que está aqui ao meu lado. Quero dizer que o que ocorre hoje na Paraíba é uma grande vergonha”, afirmou Gutemberg.
Ele disse que o Governo do Estado colocou uma pessoa de confiança em cada órgão de comunicação – que ele definiu como Capitão do Mato – para controlar o que os jornalistas divulgam do Governo. “O governo atual persegue jornalistas e impõe a linha editorial dos órgãos de comunicação. E, mais que isso, coloca um capitão do mato em cada redação, em cada empresa. Eles se encarregam de controlar os jornalistas e dedurar os colegas que não se submetem a divulgar apenas aquilo que o governo quer”, disse.
O capitão do mato, segundo a Wikipédia, era um empregado público da última categoria encarregado de reprimir os pequenos delitos ocorridos no campo. Na sociedade escravocrata do Brasil, a tarefa principal era a de capturar os escravos fugitivos. Também eram aqueles que, moradores da cidade ou dos interiores das províncias, capturavam fugitivos para depois entrega-los aos seus amos, mediante prêmio.
Os capitães do mato gozavam de pouquíssimo prestígio social, seja entre os cativos que tinham neles os seus inimigos naturais, seja na sociedade escravocrata, que os considerava inferiores até aos praças de polícia, e os suspeitava de sequestrar escravos apanhados ao acaso, esperando vê-los declarados em fuga para depois devolvê-los contra recompensa.
Gutemberg Cardoso contou que foi convidado por duas empresas de comunicação de João Pessoa para trabalhar, mas declinou do convite porque as empresas impuseram condições. “Fui convidado por duas empresas, que me ofereceram um bom salário, é verdade, mas me apresentaram duas condições: a primeira, elogiar o governo; a segunda, bater impiedosamente nos adversários do governo. E um deles está aqui, que é o Senador Vitalzinho”, disse, referindo-se ao Senador Vital do Rêgo, um dos participantes do evento.
Além do Senador Vital do Rêgo, participaram do encontro o professor da USP, articulista do jornal “O Estado de São Paulo” e colunista da Revista Época Eugênio Bucci; a professora de Jornalismo da UFPB Joana Belarmino; e o presidente da Associação Nacional de Jornais (ANJ), Carlos Fernando Neto.
Todos ficaram estarrecidos com a denúncia do jornalista paraibano. O Senador Vital do Rêgo complementou apresentando dados sobre os gastos do Governo do Estado com publicidade, que passaram de uma média de R$ 15 milhões anuais nos governos Cássio e Maranhão para R$ 45 milhões no governo Ricardo Coutinho (dados de 2012).
Talvez a denúncia de Gutemberg nem encontre eco, considerando que os capitães do mato se encarregarão de evitar a sua propagação. Mas valeu muito. Pela coragem do colega e pela sua atitude de fazer a sua parte.
Em nome da democracia, da ética, do respeito aos profissionais da comunicação e, sobretudo, em respeito aos paraibanos, que não merecem o que é visto hoje no Estado, seria bom que cada um fizesse a sua parte. Afinal, o prejuízo será, também, de cada um que se omitir neste momento. Que pensemos nisso, colegas.
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