A um dia do primeiro turno das eleições deste ano, as pesquisas de intenção de voto começam a mostrar um cenário mais consolidado. Nesta semana, saíram novas amostras do Ibope, DataFolha, XP/Ipespe e FSB/BTG. Apesar de todas terem abragência nacional, os números apresentados por cada uma para o cargo da Presidência tiveram resultados diferentes. Questionados pela imprensa especialistas revelaram o porquê as divulgações mostram números tão distintos uma das outras.
Na pesquisa do Ibope divulgada na segunda-feira, (1/10), o presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) tinha crescido 4 pontos percentuais e alcançado 31% das intenções. Fernando Hadad (PT) aparecia com 21%, seguido por Ciro Gomes (PDT), com 11%. Dois dias depois, porém, a mesma pesquisa teve resultado diferente. O candidato do PSL cresceu para 32%, o petista para 23%, e Ciro caiu para 10%.
O mesmo ocorreu com DataFolha. Em 2 de outubro, a pesquisa mostrava 32% para Bolsonaro, 21% para Haddad e 11% para Ciro Gomes. Na noite de quinta-feira (4/10), porém, o instituto mostrou 35% para o capitão reformado, 22% para o petista e o mesmo valor para Ciro.
Na FSB/BTG, divulgado em 1 de outubro, o capitão reformado chegou a 35%, e Haddad 27%, seguido de um terceiro lugar no ranking por Geraldo Alckmin (PSDB). O cientista político Ricardo Ismael considera três motivos para tantas diferenças entre as pesquisas: a forma como elas foram feitas, ou seja, se telefone ou pessoalmente; o período em que as pessoas foram entrevistadas; e a amostragem da pesquisa, ou seja, quem foram os escolhidos para participar. “Quando você faz uma pesquisa dessas, evidentemente, você não vai entrevistar 147 milhões de pessoas. Você pega uma amostra. E, dependendo a pesquisa, o perfil das pessoas escolhidas tem uma pequena diferença”, explicou.
Para se ter um panorama mais real, Ismael sugere que o eleitor considere a média dos resultados de todas as pesquisas. “Tem que analisar as que foram feitas em um período próximo. Além disso, deve-se perceber que, na medida em que vai se chegando mais perto de 7 de outubro, praticamente o quadro vai estar definido”, afirmou o especialista.
Isso ocorre porque, segundo o cientista político, com a proximidade da data reservada para o primeiro turno, há uma consolidação dos votos. Aqueles que estavam em dúvidas já escolheram os candidatos, e agora é improvável que o eleitor mude a opção. "Mudanças muito grandes e expressivas dependeriam de um fato com a repercussão nacional. O cidadão só repensaria se o candidato falar uma bobagem, ou aparecer em escândalos de corrupção nesse período. Se nada disso acontece, não há porque esperar um resultado diferente do que apontam as pesquisas", afirmou Ismael. "A não ser que, nas vésperas das eleições, o eleitor escolha o voto útil para que outro não vença", completou.
Apesar das pequenas diferenças de resultados, Ismael considera que as divulgações fazem parte do processo democrático. “Se não houvesse a pesquisa, todo mundo estaria no escuro. Ninguém saberia o que estaria acontecendo. Ela continuaria sendo feita, mas não seria divulgada. E isso poderia aumentar as especulações e teorias conspiratórias diversas”, disse.
Cenário consolidado
O pesquisador do centro de estudos legislativos da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Lucas Cunha, também afirma que, a partir de agora, o cenário deve ficar mais consolidado. “As pesquisas têm o desafio de confirmar o resultado eleitoral, mas do ponto de vista da distribuição de preferências, eu vejo um cenário que, caso não exista nenhum viés de última hora, está mais ou menos desenhado”, disse.
Apesar de estarem suscetíveis a erros, Cunha acredita que as divulgações tendem a acertar o segundo turno entre presidenciáveis. “Algumas tendências podem não ser confirmadas. Mas, de um modo geral, a gente tem um cenário, a grosso modo, que eu considero consolidado. E um segundo turno, por exemplo, concreto”, afirmou.
Para ele, as entrevistas devem ser feitas de forma aleatória para que seja retirado qualquer viés regional, de gênero ou social. “Do ponto de vista das pesquisas regionais, a possibilidade de haver um revés é muito maior, porque as preferências dos eleitores podem estar distribuídas de um modo não aleatório”, explicou. “Já nas pesquisas presidenciais, mesmo que o cenário mude, os institutos tendem a perceber a preferência do eleitorado com alguma consistência”, completou.
Redação
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