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A velha e encantadora Lisboa

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Após alguns anos, retorno à Europa em plena crise econômica, com passagens por Portugal, onde os problemas são mais agudos e França, cujo decantado charme parece também atingido.

Embora com o país estagnado e endividado, força de políticas equivocadas adotadas pelo Partido Socialista no afã de criar um “Estado de Providência”, cuja conta está agora sendo cobrada, pois, como se diz popularmente, “não há almoço de graça” e isso — se exagerar na dose os programas sociais populistas do governo do PT, como parece ser a tendência –, também por aqui pode acontecer o mesmo, a velha cidade de Lisboa continua encantadora e não há como brasileiros não se sentirem em casa por conta da língua comum e dos sentimentos que aproximam os perfis sócio-psicológicos de ambos os povos.

De logo, percebe-se, a presença de muitos americanos, ingleses e alemães, atraídos pelos baixos preços de hotéis, pousadas, alimentação e passeios, quando confrontados com os similares praticados na Itália, França e Inglaterra, por exemplo.

Durante o happy hour, na chamada ‘baixa lisboeta’, o Chiado fervilha, a partir da Rua Depret e adjacências, com cafés e restaurantes lotados, boa música de artistas que se apresentam ao ar livre e outros que encarnam personagens diversos em troca de algumas moedas.

A noite é vibrante e tem atrações para todos os gostos e não só as casas de fado, onde, a exemplo da conhecida “Severa”, se janta ouvindo belos fados portugueses que retratam amores, nostalgia e saudades de um tempo que fora sempre melhor que o atual ou no Café Luso, menos conhecido, mas que executa bons fados e tem boa comida.

Nos muitos restaurantes do Bairro Alto come-se bem e a preços justos, com pratos individuais na faixa de 15,00 euros, embora nos mais populares seja possível encontrá-los abaixo de dez.

Em qualquer deles é possível degustar excelentes pratos de bacalhau e taças de vinho, sendo de destacar-se que um pouquinho mais caro, por conta da qualidade superior e das ótimas entradas servidas à base de presuntos espanhóis e italianos e os famosos queijos da Serra da Estrela, a melhor comida, bacalhau incluso, é a do “Solar dos Presuntos”, freqüentado por astros do futebol, entre os quais Cristiano Ronaldo e políticos brasileiros, com destaque para Lula, cujas fotos estão nas paredes.

Atrações históricas são o que não faltam em Lisboa, sendo de destacar-se o belo e centenário Mosteiro dos Jerônimos (não atingido pelo terremoto de 1755), onde estão os túmulos de dois dos mais reverenciados heróis portugueses, verdadeiros valores primários da nacionalidade: o navegador Vasco da Gama e o poeta Luis de Camões, autor do épico “Os Lusíadas”.

Do imponente “Castelo de São Jorge”, situado no alto de uma colina, onde dizem que habitaram os primeiros governantes da nação acerca de mil anos, tem-se uma bela visão da cidade de Lisboa e do Rio Tejo que a corta e desemboca mansamente no Atlântico desbravado pelos intrépidos navegantes lusitanos que expandiram seus domínios para além-mar sobre terras do continente sul-americano, africano e asiático.

Próximo à famosa Torre de Belém, ponto de partida das caravelas “Santa Maria”, “Pinta” e “Nina” em direção ao Brasil no Século XV, pode-se apreciar o famoso pastel de Belém, iguaria que realmente é uma delícia, mas que também pode ser encontrado em todos os bares e cafés da cidade e, por que não dizer, em Portugal inteiro, com o nome de pastel de nata, sendo o mais gostoso o da tradicional ‘Confeitaria Nacional’ no Largo do Rosio.

Próximo dali, numa rua lateral, pode-se apreciar um ótimo e bem servido prato de bacalhau no tradicional restaurante “João do Grão”, com garrafas ou taças do vinho da casa, tudo muito bom e barato para os padrões europeus.

Para consumistas, principalmente mulheres que apreciam bolsas e roupas de grife, há lojas de grandes marcas na Avenida Liberdade e para os homens que queiram adquirir vestuário, dois grandes shoppings, o ‘El Corte Inglés’ e o ‘Colombo’, este o maior de Portugal, onde há muitas lojas e opções.

Ambos têm supermercados e boutiques que vendem os excelentes vinhos portugueses que tanto aprecio e onde adquiri alguns.

A título de sugestão, seguem alguns nomes: Quinta do Crasto Reserva Vinhas Velhas, Quinta da Pedra Alta Touriga Nacional, CV Curriculum Vitae, Chryseia (lançado só nas grandes safras), Post-Scriptum, Herdade dos Grous Moon Harvest, Incógnito, Grou Grey, Mouchão e Cartucha Reserva.

Os mais caros vinhos portugueses são o Pêra Manca e o Barca Velha, ambos tintos. Muitos deles receberam notas acima de 90 pontos do cultuado crítico americano Robert Parker e aqui no Brasil são bem mais caros. Pelas regras da Receita Federal, cada pessoa pode trazer até 16 garrafas dentro da cota oficial de U$ 500.00.

Felizmente, Portugal gastou os abundantes créditos recebidos da União Européia na época da bonança econômica nos sistemas de transportes e a cidade conta com equipamentos que funcionam bem, destacando-se o metrô que se integra à rede de trens pelos quais se alcança bairros da grande Lisboa e as principais cidades portuguesas, a começar pela belíssima Sintra.

Patrimômio da humanidade, distante cerca de 35 Km, foi residência de verão de Réis, Rainhas e da nobreza portuguesa em geral que habitaram seus lindos e preservados castelos, palácios e palacetes. Lá passei um dia e pernoitei, a caminho da cidade do Porto, no norte do país.

Sintra, verdíssima e aconhegante, mesmo no tórrido verão europeu, oferece clima realmente agradabilíssimo, pois está situada acima do nível do mar que acaricia as bordas de suas montanhas a apenas alguns quilômetros de distância.

Conta com ótimos hotéis e pousadas e lá pretendo voltar, com mais tempo, para curtir melhor sua boa culinária e as cidades praianas da Costa do Estoril.

Lisboa e Sintra, sem contar o circuito religioso de Lourdes e Fátima, bem como as cidades de Coimbra, que abriga uma das mais antigas e tradicionais Universidades da Europa (espécie de Cambridge lusitana) e Guimarães, são atrações imperdíveis a apenas sete horas de vôo direto Recife-Lisboa pela TAP, empresa competente e de simpático serviço de bordo que recomendo e que conta com diversas opções de vôos complementares para outros países da Europa.

Pelas íngremes ruas e largos de Lisboa há um clima de história, encantamento, mistério e boemia no ar, capaz de escravizar qualquer um, como cantado em belo verso de poeta luso: “triste de mim que perdi minha alma para as ruas…!”.

Numa próxima coluna, falarei mais de Portugal, que recomendo fortemente a todos que puderem visitá-lo.

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