Luiz Inácio Lula da Silva, o principal cabo eleitoral de outubro disputado a tapas, não tem conseguido alcançar resultados satisfatórios aos candidatos regionais. Em seis praças, nomes que se apresentam como o candidato do Lula patinam entre o eleitorado, cobram o presidente por mais aparições e pedem aos comitês nacionais mais dinheiro. Enquanto cenários negativos se alastram por Minas Gerais, São Paulo, Rio Grande do Sul, Paraná, Rio de Janeiro e Distrito Federal, a candidata do PT ao Planalto, Dilma Rousseff, vê cada vez mais materializada a chance de vencer a corrida presidencial em primeiro turno.
Esse paradoxo entre o poder nacional de Lula e as dificuldades regionais deve-se a um cansaço e à rejeição do eleitorado em relação ao PT, e à dificuldade de superar a barreira do voto mais conservador e de não conseguir contrabalancear o peso da popularidade de políticos regionais. Dinheiro na campanha nacional não falta, por isso a ordem é atender todas as necessidades dos aliados locais. Há inclusive um esforço de pedir para que doadores da campanha de Dilma também contribuam para as disputas estaduais. Com o dinheiro, vem a promessa da mobilização pessoal de Lula em corpo a corpo e reunião com lideranças políticas e empresariais.
O candidato do PT em São Paulo, Aloizio Mercadante, pediu e foi atendido. Hélio Costa (PMDB), o concorrente em Minas Gerais, requisitou pelo menos cinco visitas de Lula ao estado — não está nada certo. Osmar Dias (PDT), o postulante no Paraná, quer pelo menos duas agendas em comum. Se atender todas as requisições, a eleição durará mais do que os 35 dias que faltam até 3 de outubro.
Até agora, o certo é que São Paulo será a praça tratada com esmero. Até o fim da campanha, é o estado que receberá mais vezes a candidata Dilma Rousseff. Serão três vezes, mais a possibilidade de sediar o comício final da campanha. O comitê financeiro nacional do PT prometeu ajudar a campanha de Aloizio Mercadante a honrar os compromissos. “É natural que a campanha nacional coloque recursos porque ela também sai fortalecida”, disse o prefeito de Osasco, Emídio de Souza, coordenador de Mercadante.
Segundo ele, até 15 de setembro as pesquisas de intenção de votos mostrarão o crescimento do petista na eleição paulista, que até agora vislumbra a vitória em primeiro turno do candidato do PSDB, Geraldo Alckmin. “O PT sempre cresce na reta final”, vislumbra Emídio. O deputado estadual Rui Falcão (PT), coordenador de comunicação de Dilma, aposta que o potencial de Mercadante é chegar aos 30% e levar a disputa para o segundo turno. “O problema principal da campanha do Mercadante hoje não é dinheiro, mas conhecimento público”, disse Falcão. São Paulo só não recebe o comício final da campanha se o candidato não conseguir reverter a tendência pró-Alckmin neste último mês. Nesse caso, o comício será feito no Rio, onde as pesquisas apontam para a provável reeleição do governador Sérgio Cabral (PMDB).
Correio Brasiliense