A direita, ou extrema-direita vai “reinar” por um bom tempo no Brasil, e por todos os continentes, não se limitando ao país de Jorge Amado. É fato: a esquerda perdeu seu espaço absoluto; mas não vou analisar todos os países de Gaia, nossa Mãe-Terra. Limito-me à pátria de chuteiras que “dorme em berço esplêndido”, afunilando ainda meu microscópio e suas lentes de grande definição à Paraíba de Augusto dos Anjos.
Grande guardiã dos direitos sociais e civis, o Partido dos Trabalhadores (PT) nada mais é que uma sobra daquilo que vi na década de 80, quando milhares de sonhadores, oprimidos pelo regime militar, ocuparam grandes espaços em todo o Brasil lutando pela chamada “Diretas Já!”.
Tratou-se de um movimento civil de reivindicação por eleições presidenciais diretas no Brasil ocorrido entre 1983 e 1984. A possibilidade de eleições diretas para a Presidência da República no Brasil se concretizaria com a votação da proposta de Emenda Constitucional Dante de Oliveira pelo Congresso.
O grito, ou “cale-se” do militarismo estava na garganta, em nossas ou pelo menos em boa parte delas. Inclusive na minha, ainda estudante secundarista. Era uma área mágica. O belo pelo belo. Pessoalmente fui várias vezes para o Parque Solón de Lucena (Lagoa) com uma mistura de maisena e soda cáustica em recipiente frágil. Camisa no peito de Luis Inácio Lula da Silva; minhas unhas eram literalmente derretidas quando tocava naquela substância pegajosa para colar nas paradas de ônibus o grande movimento que estava por vir.
Um delírio ouvir Fafá de Belém cantar o Hino Nacional em minha Paraíba amada. Conhecer pessoalmente Leonel Brizola e dias depois está com o próprio em São Paulo em evento partidário do PDT.
Nada de “Diretas Já!”
Apesar de todo o apoio que teve, a emenda não foi aprovada no Congresso. Durante a votação, estavam presentes 479 parlamentares e, para a emenda ser aprovada, eram necessários 320 votos. A Emenda “Dante de Oliveira” teve 298. Faltavam apenas 22 votos para atingir os 2/3 necessários.
Quando o resultado foi divulgado, os apoiadores da democracia sentiram-se frustrados. Com o arquivamento do projeto, a sucessão do general João Batista Figueiredo (1979-1985) seria indireta, pelo Colégio Eleitoral. O povo só iria eleger o novo presidente em 1989.
Maluf e Tancredo
Na corrida pela sucessão presidencial, o partido governista, PDS, lançou o nome do paulista Paulo Maluf. Discordando dessa indicação, líderes políticos nordestinos, como Antonio Carlos Magalhães (acredite!) e Marco Maciel não a aceitaram e abandonaram o PDS, fundando o Partido da Frente Liberal (PFL). A oposição lançou o nome do mineiro Tancredo Neves.
Ele era um político oposicionista de tendência moderada, e por isso conseguiu o apoio do PFL. Em 15 de janeiro de 1985, foi eleito pelo colégio eleitoral presidente da República. Do ponto de vista institucional, contudo, o país completaria a transição para democracia.
Salto na história
Um País ansioso para ver o primeiro presidente civil depois de 21 anos de ditadura militar não poderia ter imaginado o pior. Na noite anterior à sua posse, 14 de março de 1985, Tancredo Neves, presidente eleito indiretamente pelo Colégio Eleitoral, não pôde assumir porque foi internado às pressas para tratar de apendicite aguda no Hospital de Base de Brasília.
Em seu lugar foi empossado o vice-presidente José Sarney. Durante 38 dias o Brasil acompanhou a agonia de Tancredo Neves. Foram sete cirurgias e uma traqueostomia até seu falecimento em 21 de abril de 1985. Lembro o meu choro de morte.
Após toda essa dinâmica de fatos, a própria história conta o Brasil de hoje. De Collor a Bolsonaro foram saltos triplos carpados até a própria ineficiência da ex-presidente Dilma Rousseff (PT). Anos luz atrás do seu antecessor, Lula da Silva, foi arrogante com seus ministros, não construiu boa relação com o Congresso e peitou o Supremo Tribunal de Justiça. Foi degolada, claro, como Maria Antonieta, última rainha da França.
A Esquerda e os cacos
Após isso, a esquerda perdeu o controle. Grupos rivais iniciaram, dentro do próprio partido, um processo de antropofagia, não dando voz e vez a outras agremiações progressistas. A hegemonia deveria ser da Estrela Vermelha. O problema é que, no “ptcentrismo”, em dias atuais não existe grandes líderes de esquerda.
Anísio Maia e sua luta contra seus próprios aliados
Incorrigível, o PT busca a separação, numa equação ilógica, buscado obstaculizar a candidatura a prefeito de João Pessoa (deputado estadual petista Anísio Maia). Como em todo o globo, a diáspora da esquerda foi consolidada. Um processo harakiri que desonra a honra dos samurais japoneses. E francamente: essa querela de Anísio Maia, aí trago para terras paraibanas o imbróglio, é a luta do poder pelo poder em uma nau que afunda a cada minuto.
O diretório municipal, estadual e executiva nacional daquele que já foi o maior partido do Brasil só debilita quem já está necessitando de soro o antiofídico. Cobra engolindo cobra. Uma picando a outra e a direita sorrindo sem prestar socorro. E nunca prestará!
Duas décadas para a esquerda ser esquerda. Agora é buscar uma reconciliação com um juiz de paz, caso possível. Por último, alguém tem duvidas em relação à reeleição de Bolsonaro e sua “Bolsa Covid-19”?.
Eliabe Castor de Castro
PB Agora
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