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Análise: a metáfora do mestre João e sua conturbada “Santa Ceia” no império da Terra do Sol

A “Santa Ceia” foi posta à mesa. Ao centro, João começou a pregar, por parábolas, que a união entre os seres humanos tende a gerar bons frutos, e a política da discórdia fortalece, apenas, o exército oposicionista de Roma. Embora não possua um grande general, essa força legionária recebe a influência direta dos “senadores” decanos que, mesmo longe dos embates, têm força suficiente para golpear o Estado da Parahyba do Norte, havendo a possibilidade de uma desestabilização na condução administrativa e social do império da Terra do Sol.

O mestre João sabe e entende o perigo, prova maior é que, mesmo havendo uma “Babel” percorrendo todas as línguas dos que estão ao seu lado, busca conversar com cada um no idioma originário daquele que reclama, mas o apoia. Vê-se que pão e vinho estão sendo distribuídos de forma republicana, evitando a prática do fisiologismo tão aplicado, em outras eras, no Sinédrio paraibano.

E as vozes e tentações são muitas sobre aquele que ofereceu a ceia. Em algum momento, acredito eu, João, nascido em Azevêdo, local próximo à Galileia, lembrou dos 40 dias no deserto e, em lampejar de pensamento, lembrou dos grilos e gafanhotos. Esses nada pediam, apenas promoviam uma sinfonia desarmônica a cada noite de penitência.

Dez eram seus discípulo que buscavam tornar o Araimaco como a língua oficial. Agora são onze; e a Babel continua, havendo espaço para o latim, grego arcaico, hebreu e aremeu. Não fosse João um poliglota, a Parahyba do Norte poderia entrar numa espécie de colapso político, algo que a oposição romana sonha e deseja.

E para dificultar ainda mais a ceia do mestre João, Rômulo e Remo não aceitaram, de forma harmônica, a permanência de Rosas no Monte das Oliveiras, cujo platô é cercado por uma vasta plantação de girassóis. Como se vê, ouve e sente, João, de Azevêdo, possui grandes desafios na seara diplomática e política, e busca, ele, oferecer pão e o vinho na dose e quantidade correta, não pondo migalhas, evitando assim, fome e rebeliões, mas também não enchendo por completo as taças postas à mesa, para que a embriaguez do poder não se vire contra ele e sua gestão.

 

Eliabe Castor
PB Agora

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