O ex-deputado Bruno Cunha Lula, um dos raros nomes que representam a renovação de quadros políticos na Serra da Borborema, concedeu entrevista exclusiva à coluna quando confirmou que está construindo uma candidatura à sucessão doprefeito Romero Rodrigues, na Prefeitura de Campina Grande.
Na entrevista que se segue, feita via Whatsapp, ele responde sobre possível ingresso no MDB; se seu nome teria sofrido restrições de Romero Rodrigues ou do grupo ligado ao seu primo Cássio Cunha Lima; fala sobre as articulações para consolidar uma candidatura forte. Também foi instado a fazer uma avaliação da gestão de Romero?
Eis a entrevista:
O senhor pretende disputar a Prefeitura de Campina Grande este ano?
Estou trabalhando, sim, no sentido de construir a candidatura. Qualquer candidatura que se preze precisa ser representativa, ou representa algo ou “alguém”, ou uma ideia, uma agenda, ou partidos e afins…
Nesse sentido, tenho conversado com muita gente a fim de lançar uma candidatura consolidada, que tenha representatividade. Originalmente, os critérios OBJETIVOS (partido, grupo, tempo de televisão, etc..) eram fatores primordiais, eu diria até indispensáveis, para o sucesso de alguma candidatura.
Hoje, no entanto, com o “amadurecimento” ou mesmo o despertamento das pessoas para temas mais políticos, em razão, também, da disseminação de informações mais ágil, o eleitorado tem levado cada vez mais em consideração os critérios SUBJETIVOS, ou seja, aqueles que dizem respeito ao candidato(a), àquilo que ele pensa, defende, à vida “pregressa” de cada um…
A prova é que, gostando ou não da ideia, que aquele que tinha todos os critérios objetivos possíveis e imagináveis nas eleições de 2018 não se elegeu presidente, na verdade, terminou com 4,76%: GERALDO ALCKMIN…
É claro que estamos falando de Nordeste, de Paraíba. Nesse caso, a OBJETIVIDADE ainda tem certa relevância, mas, acredito que o candidato que quiser ter representatividade, ganhar e ter governabilidade, precisa atentar para a SUBJETIVIDADE do pleito – candidaturas (em Campina e outros lugares grandes) nascerão com “atestado de óbito prévio” em função dos próprios candidatos.
Assim, Campina tem setores (que fazem a cidade) muito fortes e esses setores precisam se ver representados no debate eleitoral e na agenda administrativa da cidade para os próximos anos, como as nossas universidades e nossos setores econômicos, tais como comércio, indústria e desenvolvimento de tecnologia.
Por qual partido o senhor disputará a Prefeitura de Campina Grande?
Bruno Cunha Lima – Ainda não definido! Nos últimos meses, convites foram feitos – alguns mais levados em consideração que outros.
Como havia (e ainda há) tempo até o final do prazo, não acredito que haja pressa para definir isso para ontem, por exemplo.
De toda forma, esse mês as conversas estão sendo intensificadas, tanto aqui na cidade, como no plano nacional dos partidos.
Digo isso porque dois dos principais critérios na hora da definição são (1) escolher um partido em que tenha segurança e garantia para disputar a eleição; (2) um partido que me dê liberdade de defender o modelo administrativo e político que acredito, sem impor posicionamentos ou obrigações que não se alinhem com o que defendo, afinal, não adianta “ganhar e não levar”, na medida em que vemos partidos que “gostam” de interferir muito na administração local, às vezes impondo nomes e atitudes (que são mais parecidos com faturas a serem pagas) – vide os últimos acontecimentos na Paraíba.
O seu nome teria encontrado resistência, seja da parte do prefeito Romero Rodrigues ou mesmo da parte dos Cunha Lima mais ligados ao grupo de Cássio?
Bruno Cunha Lima – Nos contatos que trataram de política, não. O prefeito, em uma das últimas conversas que tivemos, disse que passado o período de festas e o início de janeiro, iria iniciar conversas com seus aliados no intuito de construir a tese da candidatura governista.
Alguns aliados – vereadores, presidentes de partidos, etc, volta e meia, externam intenção de apoiarem uma eventual candidatura nossa – muitos deles já deram declaração à imprensa, por exemplo.
Como tenho amizade com muitos, já ouvi alguns vezes que alguns outros aliados não são muito, digamos, “simpáticos” à ideia de uma candidatura minha em razão do que defendo e do tipo de política que acredito. Compreensível!
Mas, respondendo diretamente, da parte de Romero e dos outros núcleos da família (como você perguntou) nunca ouvi nenhum restrição ou vedação a uma eventual candidatura nossa. Na verdade, pelo contrário.
Circulam nos Bastidores da política paraibana que o senhor poderia ingressar no MDB e ser candidato por este partido. Tem alguma verdade ai?
Essa especulação começou por três razões:
(1) o deputado Raniery Paulino, durante algumas entrevistas, tanto em João Pessoa quanto em Guarabira, foi perguntado sobre um possível processo de renovação nos quadros do partido e se o partido estaria preparando/vislumbrando nomes para as eleições de 2020. Durante a resposta, ele citou meu nome e que iria iniciar o diálogo interno para construir uma possível ida nossa.
(2) A presidente do MDB de Campina, Tatiana Medeiros, ao assumir o partido na cidade, fez um convite público durante uma entrevista e confirmou o convite no final do ano passado.
(3) O senador José Maranhão, ao ser perguntando no Correio Debate a respeito do assunto eleições 2020, disse que vê com bons olhos a possibilidade de uma filiação e possível candidatura a prefeito pelo MDB.
Apesar disso, o que existe até agora é mais especulação da própria imprensa. Tive conversas rápidas com Raniery, mas não nos aprofundamos em razão da distância do prazo.
Confesso, também, que não me aprofundei nas conversas com partidos em razão das MUITAS mudanças que vão acontecer no cenário político do Estado nos próximos meses, sobretudo nos próximos 60/90 dias. Quem viver verá!
Que avaliacao o senhor faz da gestão de Romero Rodrigues? E mais: há possibilidade de o senhor ser candidato com o apoio de Romero e do grupo de Cássio Cunha Lima?
A estas perguntas finais o ex-deputado Bruno não respondeu.
Wellington Farias
PB Agora