O deputado federal Damião Feliciano – homem de hábitos afáveis, e que não é dado a arroubos nem bravatas – desta vez derrapou feio ao atribuir ao presidente da Assembleia Legislativa do Estado, Adriano Galdino, a articulação de um golpe parlamentar destinado a derrubar, com uma tacada só, o governador João Azevêdo e a vice-governadora Lígia Feliciano.
Em declarações dadas com exclusividade ao programa Hora H, ancorado na Rádio Pop pelos jornalistas Heron Cid e Wallysson Bezerra, Damião interpretou o pedido de impeachment do governador e da vice-governadora, protocolado pelo deputado estadual Wallber Virgolino, como uma armação arquitetada por Adriano Galdino.
Eis o grande argumento do deputado Damião: sendo o presidente da Assembleia o beneficiado imediato num eventual impeachment, seria ele, portanto, o mentor da artimanha política.
Convenhamos: pode até não ser ridículo imaginar, até, que Adriano Galdino intimamente sentisse algum entusiasmo com qualquer ideia que, levada a efeito, o guindasse ao posto de governador do Estado. Mas, daí a dizer que ele estaria arquitetando a queda de João Azevêdo e Lígia Feliciano, para chegar à chefia do Poder Executivo, aí são mais que outros quinhentos.
Nesta terça-feira (11), o deputado Galdino procedeu com o equilíbrio e a sensatez que a prudência de quem ocupa o cargo de chefe de um Poder recomenda. Foi curto e objetivo nas respostas dos jornalistas, rechaçando por completo qualquer intenção de sua parte de estar armando para derrubar o governo.
Adriano Galdino, no entanto, observou que há um pedido de impeachment protocolado e, necessariamente, o Poder Legislativo tem que dar um trâmite, como determina o seu regimento com relação a qualquer matéria a ser submetida ao crivo da Casa.
O que também se observa como muito provável é que, por trás daquele pedido de impeachment inusitado, protocolado pelo deputado Virgolino, houvessem “forças ocultas” operando para catapultar do Poder, num arremesso só, tanto o governador João Azevêdo quanto a vice-governadora Lígia Feliciano, para entregar o Palácio da Redenção ao passado…
Em torno desse pedido de impeachment ainda gravitam muitas incertezas. Se depender, entretanto, da sua repercussão na imprensa e na opinião pública, é natimorto. Nos corredores da Assembleia, do Palácio, nas livrarias, nos bares, nas esquinas, nas mídias sociais e nos grupos de Whatsapp, o tal pedido de impeachment soou como uma tentativa de armação que poderia seduzir o presidente da Assembleia Legislativa porque seria ele o imediatamente beneficiado.
O governador João Azevêdo também deu sua pisadinha de bola ao chancelar as declarações do deputado Damião Feliciano.
Ninguém mais que ele precisa tanto de apoio no Poder Legislativo quanto ele.
E mais: o governo está totalmente vulnerável quanto ao apoio na Casa de Epitácio Pessoa. Ele precisa, com urgência, montar um bom time de articuladores políticos realmente comprometidos e interessados no governo.
Se não quiser, depois, chorar o leite derramado…
Wellington Farias
PB Agora
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