Por mais estarrecedor que seja o fato, surpreso ninguém pode dizer que está. Porque essa malandragem é uma prática histórica na Câmara Municipal de João Pessoa.
Ao final de cada legislatura, os vereadores (com honrosas exceções) sempre se articulam na calada da noite para articular uma sessão especial em que propõem, votam e aprovam, de forma descarada, os seus próprios salários.
Às favas com a situação do povo; com o que os pobres mortais estão passando em meio a uma pandemia. Funcionário público? Ora, f…-se. É assim que eles pensam e é assim que eles procedem.
Para não haver ruídos em outras áreas do poder público, os malas da Casa de Napoleão Laureano (que deve estar se contorcendo no túmulo, como patrono do Legislativo) passam papa na boca do Executivo, aumentando também o salário do prefeito a assumir, no caso Cícero Lucena, e do seu primeiro escalão de assessores, uma “reca” de secretários.
Valores
Conforme foi amplamente noticiado em emissoras de rádio da Capital, na tarde desta quarta-feira (dia 16), os vereadores aprovaram um reajuste nos próprios subsídios, do prefeito e do vice-prefeito e secretários.
Com esta brincadeirinha com o erário, o subsídio deles saltará de R$ 15 mil para R$ 18,9 mil. E mais: o presidente da Câmara, a ser eleito em fevereiro, passará a ganhar a bagatela mensal de R$ 28,4 mil, bem maior do que o governador do Estado que recebe R$ 23,5 mil.
O valor dos subsídios de prefeito e vice-prefeito não foi revelado durante a sessão.
Como assim, não foi revelado?! Por que não?
As exceções
Só tiveram coragem de votar contra a malandragem Sandra Marrocos (PT), Lucas de Brito (PV e não reeleito) e Thiago Lucena (PRTB). Marcos Henriques (PT) foi fraco, se absteve. Marcos Vinícius (PL) não estava no plenário na hora da votação.