Por lei, policiais não podem fazer greve. Na prática, os poderes públicos se apegam a esta imposição legal para maltratar uma das categorias mais importantes para a sociedade, aquela que nos garante a segurança. Ou seja: vamos pagá-los o salário que bem entendermos, encher os seus contracheques de penduricalhos e enforcá-los na velhice com uma aposentadoria humilhante. Afinal, eles não podem reagir. A lei não permite que a Polícia faça greve.
Legal ou ilegal, a greve dos policiais paraibanos está muito bem amparada no bom senso e, portanto, merece o apoio da sociedade. Até porque se trata de policias que, há menos de um mês, foram mencionadas em rede nacional de televisão (no programa Fantástico, da Rede Globo) as melhores do país; de preparo profissional muito acima das demais, de ação letal praticamente zero.
Admitamos que a ocasião da greve pode não ter sido oportuna: em plena folia momesca, uma greve do aparelho de segurança pode ser um caos. Mas essa questão de salário indecente de policiais civis e militares vem de longe, não é de hoje; as tentativas de negociações foram inúmeras. Nada. Justamente amparado nesta lei que proíbe greve de policiais é que o poder público se arvora no direito de matar de fome os operadores da segurança pública.
Não existe outro meio do trabalhador obter êxito em suas tentativas de conquistas negadas pelo seu patrão, a não ser a greve. Sem pressão, patrão nenhum, governo nenhum jamais atenderá aos policiais. Tem que ser na base da pressão, da greve.
O que não pode haver é exploração política-eleitoral de um movimento tão justo, para não o desqualificar. O resto é conversa pra boi dormir: se não for na pressão não consegue nada.
Se tem categorias que merecem salários especiais são três: operadores da segurança, da educação e da saúde. Deveriam existir leis outorgando-lhes condição de servidores especiais, pela importância que exercem na sociedade.
Sem professores, ninguém será nada além de si mesmo; sem operadores da saúde, estaremos todos da cova pra dentro e sem operadores da segurança, teremos o caos e ficaremos entregues à sanha da bandidagem.
O risco dos operadores da segurança, nem se fala: afinal, especialmente o policial sai de casa para o trabalho deixando a esposa(o) e filhos sob adrenalina intensa. Afinal, será que ele volta?..
Agora, é bom que os policiais também aprendam a lição e não tratem os movimentos paredistas de outras categorias como “ação de baderneiros”, como quase sempre fazem. Neste momento eles estão sentindo na pele a necessidade de fazer pressão para conquistar as suas reivindicações.
Wellington Farias
PB Agora
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