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Análise: Vitor Hugo é citado por Daniel Gomes e por muito pouco não tem seu nome envolvido na Calvário

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O prefeito de Cabedelo, Vitor Hugo (DEM), passou o Ano Novo em silêncio sepulcral, e nada comentou sobre o suposto desaparecimento de uma verba federal equivalente a R$ 1,2 milhão de reais que seria destinada ao pagamento de gratificações a 226 funcionários do Programa de Atendimento e Qualidade na Atenção Básica (PMAQ).

E já nos primeiros dias de 2020 o nome do gestor surge em um assunto delicado e de grande repercussão nacional. Trata-se da Operação Calvário, que vem investigando o desvio milionário de verbas públicas na Paraíba pela Organização Social (OS) Cruz Vermelha, cujos desdobramentos colocaram o ex-governador Ricardo Coutinho (PSB) na prisão, sendo liberado por concessão de habeas corpus despachado pelo ministro Napoleão Nunes Maia Filho, do Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Além de Ricardo, ex-secretários, empresários e até políticos foram presos de forma preventiva. E o prefeito Vitor Hugo? Bem, até o momento ele não foi citado na Calvário e, sim, na Xeque-Mate, outro esquema de corrupção volumosa que destroçou as finanças de Cabedelo, cujas investigações e trâmites judiciais estão em curso.

Em tempo: o prefeito pode vir a perder o mandato ou se tornar inelegível, mesmo seu bloco de sustentação na Câmara Municipal tenha utilizado de expediente pouco usual, alterando a Lei Orgânica do Município, numa tentativa de blindá-lo do Gaeco e Ministério Público da Paraíba.

E nesse alinhamento Xeque-Mate e Calvário, Vitor Hugo é citado pelo ex-mandatário da Cruz Vermelha Brasileira, Daniel Gomes da Silva. Como de praxe, o delator gravava todos os encontros para discutir as ações da suposta Organização Criminosa (OCRIM), talvez buscando se resguardar de chantagens ou, até mesmo, daquilo que muitos chamam de “queima de arquivo”.

Em áudio enviado para este colunista e amplamente difundido nas redes sociais de Cabedelo, pode-se observar Daniel Gomes citando várias vezes o nome de Vitor Hugo em conversa com Edvan Leite Benevides, ex-diretor do Hospital de Emergência e Trauma Senador Humberto Lucena, e que mantinha serviços prestados no município de Cabedelo, especificamente na pasta da Saúde.

Precisamente no tempo de 20 segundos do áudio há o seguinte diálogo:

Daniel Gomes: “E a gente tá bem, eu acho que em Cabedelo. Eu acho que vai rolar”.

Edson Benevides: “Sim, eu tenho um bom canal com Vitor Hugo”.

Daniel Gomes: “Que é o prefeito?”.

Edson Benevides: “Sim… ‘tô’ com Vitor Hugo, com Adriano”.

Daniel Gomes: “Mayra teve ótimas reuniões com ele..eu acho que ‘tá’…falta aprovar a lei, né? Ele ‘tá” um pouco mais atrás, mas”.

Edson Benevides: “Adriano, que é o da Administração e Murilo é o da Saúde. Todos três são meus amigos, certo?”.

Daniel Gomes: “Irmãozinho, brigado, só pra…pra todo tempo, show de bola, viu? Passa lá, revisa só pra não sair com nada errado”.

Em outro áudio, presumivelmente em um comício, Vitor Hugo defende de forma enfática a ida da Cruz Vermelha para Cabedelo

No minuto 1,5’’ diz o gestor: “Uma decisão minha, pessoal, que sofro suas consequências, mas com quem eu converso, só recebo apoio, a não ser de quem não quer uma Saúde de excelência para a cidade de Cabedelo, a decisão de exclusivamente, exclusivamente, repito, de trabalhar com a CRUZ VERMELHA, dentro do Hospital de Cabedelo, exclusivamente…”

Segue Vitor Hugo: “É para devolver a Cabedelo um hospital que não existe. O que é que vai se pagar a mais à CRUZ VERMELHA estar em Cabedelo, como disseram antes? Nada!”

Ouça o áudio completo

Vítor Hugo buscava contratar uma quadrilha para “tomar conta” da Saúde de Cabedelo

Como todos na Paraíba, e o restante do país sabe, a Cruz Vermelha, e outra OS, de nome Instituto de Psicologia Clínica, Educacional Profissional (Ipcep) movimentou mais de R$ 1 bilhão de reais no estado, nas seguintes unidades hospitalares: Hospital de Trauma Senador Humberto Lucena (João Pessoa), Metropolitano de Santa Rita e Regional de Patos.

Segundo o Ministério Público da Paraíba, por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), a suposta OCRIM pagou aos acusados R$ 134 milhões apenas de propina, fora ingressos para shows caros, idas ao Carnaval do Rio de Janeiro e outros absurdos.

Em termos práticos, caso constatado a veracidade de todas as acusações, minimamente o prefeito Vitor Hugo, com toda a sua “certeza”, contrataria a Cruz Vermelha e colocaria, de uma vez por todas, a saúde dos cabedelenses no Calvário, havendo muita gente supostamente beneficiada como “esquema”.

A coluna teve acesso de um documento mostrando que já estava sendo preparado um edital no valor de R$ 24 milhões para o custeio e investimentos para serem executadas por uma Organização Social (OS), mas ao que tudo indica a tramitação foi interrompida abruptamente.

Veja o documento:

Foto: divulgação

E perguntar não ofende:

O edital foi suspenso só depois do escândalo envolvendo os citados na Calvário explodir? Cabedelo quer saber, o povo da Paraíba precisa saber. Cabe ao prefeito Vitor Hugo vir a público ou utilizar suas redes sociais (que ele ama) e postar o que realmente acontece por trás dessa nuvem de fumaça.

Onde está o dinheiro?

O deputado Felipe Leitão (DEM) deve ingressar até a próxima semana com pedido ao Ministério Público para investigar o suposto “sumiço” do dinheiro da Saúde.

Ano novo, broncas velhas:

A gestão do prefeito Vitor Hugo foi novamente brindada pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE), nesta quinta-feira (02). Na peça, é recomendado adequações imediatas na Educação cabedelense.

No mês de outubro e dezembro o alcaide também foi notificado pelo TCE por dispensar licitação, alegando urgência e emergência na “Prestação dos serviços diversos continuados”, a exemplo de copeiro, auxiliar de jardinagem, portaria, entre outros. Algo estranho, se pensarmos as verdadeiras urgências daquela cidade portuária.

 

Eliabe Castor
PB Agora

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