À exceção de parlamentares do PT e do líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR) — que esperava um corte menor do que os R$ 55 bilhões anunciados na tarde de ontem —, a tesourada no Orçamento não caiu bem no Congresso às vésperas do carnaval. Se, durante a reunião do Conselho Político com a presidente Dilma Rousseff, na terça-feira, o líder do PMDB Henrique Eduardo Alves (RN) havia indagado se os parlamentares poderiam ir felizes para a folia, a resposta da equipe econômica de ontem mostrou que não. “Nós já aprovamos a prorrogação da Desvinculação de Receitas da União justamente para o governo ter mais flexibilidade. E eles ainda cortam nossas emendas?”, reclamou o líder do PSD na Câmara, Guilherme Campos (SP).
O corte foi linear. Todas as emendas parlamentares acrescentadas ao Orçamento foram bloqueadas. No decorrer deste ano, caberá à ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, negociar com os ministérios para ver o que pode ser liberado. “Nós negociamos com todas as pastas, não sem alguns ranger de dentes”, brincou a ministra do Planejamento, Miriam Belchior. O líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP), reconhece que não terá tempos fáceis pela frente. “Isso sempre gera estresse. Mas o Congresso Nacional demonstrou ao longo do ano passado que tem responsabilidade”, apostou o líder petista.
Peça de ficção
Guilherme Campos, neoaliado do governo federal e que até o ano passado era da oposição do DEM, lembrou que o orçamento de 2012 foi aprovado pelo Congresso por unanimidade em dezembro e sancionado pela presidente sem vetos. “Agora, um corte desse. O orçamento é para valer ou é uma mera peça de ficção?”, questionou. Para o ex-líder do PSC na Câmara, Hugo Leal, a notícia ruim de ontem já havia sido sinalizada na reunião do Conselho Político. “A presidente Dilma participou do encontro ao lado do ministro Guido Mantega. Quando ela chega com o Guido, nunca é para dar notícia boa”, ironizou o parlamentar fluminense.
Correio Braziliense