Os recentes fatos trazidos à tona podem ser analisados de três perspectivas: jurídica, política e religiosa.
Juridicamente, os artigos 359-L e 359-M do Código Penal dizem, respectivamente, que: “tentar abolir…” e “tentar depor…”. A questão é: as conversas passaram para o plano da execução em alguma medida?
Os novos fatos sugerem que sim: ministros do STF eram rastreados, minutas foram escritas, tentava-se aderência do alto comando militar, faziam-se reuniões com frases como: “Se a gente reagir depois das eleições, vai ter um caos no Brasil” e “Se tiver que virar a mesa, é antes das eleições”.
Portanto, juridicamente, se ficar comprovado que as conversas e especulações passaram para a execução de tentativa, conforme previsão no Código Penal, os responsáveis deverão ser punidos.
Politicamente, a mácula que paira sobre as ações de Bolsonaro é irremediável. Suas falas e conversas indicam, sim, que havia um tom de golpismo no núcleo do governo. Se ele iria fazer um golpe se tivesse tido mais apoio, é impossível saber.
Faria muito bem à direita se afastar do extremismo bolsonarista e encontrar um meio de, mantendo as críticas legítimas aos inquéritos inconstitucionais do STF e aos desmandos do lulopetismo, buscar uma reabilitação democrática capaz de fazer frente – política, cultural e socialmente – às elites donas do poder.
Por fim, religiosamente, a lição para a Igreja cristã tem que ser clara: toda associação da fé cristã à qualquer figura ou movimento político cobra seu preço. Como fica o discurso “cristão” de fechar com Bolsonaro?
O bolsonarismo se tornou uma ideologia. E toda ideologia cobra o preço da devoção irrestrita. A ideologia é confessional e quer seguidores que adotem sua confessionalidade. Essa é uma lição que muitos cristãos não podem esquecer!
Anderson Paz