A última década prometia levar a uma virada de chave no combate à corrupção das elites políticas, empresariais e burocráticas. Contudo, tudo mudou para ficar como sempre esteve.
José Dirceu e Marcelo Odebrecht são os nomes mais recentes que figuram na lista de anulação de investigações ou extinção de penas devido a questões processuais.
Apesar de ser necessário que problemas processuais sejam saneados, parece que o “devido processo legal” aplicado às elites cabe muito para garantir sua impunidade. Com as elites, não se corrigem erros ou excessos, mas sim apaga-se o processo e reescreve-se a história.
O brasileiro assiste a Eduardo Cunha e Sérgio Cabral atuando publicamente e dando dicas a candidatos a cargos eletivos como se nada tivesse acontecido.
O Brasil é incapaz de punir as elites, ainda que haja muitas provas. O sentimento por justiça é real, mas também há um crescente cansaço e ceticismo quanto à mudança de paradigma. Ainda mais quando as elites tratam críticas a si como mentiras a serem punidas.
O país está preso ao eterno retorno de repetir sua história de uso do Estado pelos donos do poder. Se o país não mudar de paradigma, o futuro será seu passado. O sábio Salomão dizia que se “os justos florescem, o povo se alegra”, mas alertava que se “os ímpios governam, o povo geme” (Pv 29:2).
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