Categorias: Política

Briga por voto evangélico na Paraíba

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Uma verdadeira “guerra” de pastores em busca dos votos de mais de 300 mil evangélicos está sendo travada nos bastidores da política paraibana. A “guerra” envolve diretamente crentes como Philemon Rodrigues, Edvan Carneiro, Walter Brito Filho e Walter Brito Neto. O ex-deputado federal Philemon Rodrigues (PR), ligado à Igreja Assembleia de Deus, que retornar à Câmara Federal e já está em plena campanha.

Ele disse que terá o apoio oficial da Assembléia de Deus em João Pessoa e Campina Grande. Os dois ministérios, da mesma denominação, abrangem a grande maioria dos municípios do Estado da Paraíba. Philemon Rodrigues disse que é o candidato oficial da Assembleia de Deus em Campina Grande, que tem abrangência em 90 municípios, e em João Pessoa, cuja área de atuação seria de 130 municípios.

Por outro lado, o pastor Edvan Carneiro (PRB) contesta a informação de Philemon. Segundo Edvan, a Assembleia de Deus de João Pessoa, por exemplo, está fechada no apoio ao seu nome para deputado federal nas próximas eleições. “Além do mais, temos a possibilidade de apoio da Igreja Universal do Reino de Deus ao nosso nomes”, declarou o pastor Edvan Carneiro.

Brito ataca Philemon e Edvan

Mas o ex-deputado estadual Walter Brito Filho (PPS), evangélico da Igreja Presbiteriana de Campina Grande, que também está em plena campanha para deputado federal, contestou Philemon Rodrigues e Edvan Carneiro. Walter Brito disse que quem tem o apoio oficial da Assembleia de Deus é ele. “O pastor presidente da Assembleia de Deus, José Carlos, e mais de 200 pastores de igrejas diferentes estão comigo para deputado federal”, disse Walter Brito.
Walter Brito atacou Philemon Rodrigues e Edvan Pereira. “Philemon não tem votos. É um forasteiro, que veio de Minas Gerais para tirar proveito na Paraíba”, declarou Walter Brito.

Em relação a Edvan Pereira, ele disparou: “Edvan é um aventureiro de período de campanha e não tem votos. Quem tem voto é Walter Brito, pela sua história”.

Walter Brito acrescentou que sua história política é marcada pelos “serviços prestados aos crentes durante quatro mandatos”. “Quem tem boca, diz o que quer. Uma coisa é você falar. Outra coisa é a verdade aparecer”, frisou em relação a Philemon e Edvan Carneiro. Walter Brito disse que, quando deputado federal por quatro vezes, teria trabalhado muito pelos evangélicos da Paraíba. “Como deputado federal, vou trabalhar muito mais”, acrescentou.
O filho de Walter Brito, o ex-deputado federal Walter Brito Neto (PRB), também está no páreo e disputa os mesmos votos do pai, do pastor Edvan e do ex-deputado Philemon Rodrigues. Walter Neto confirmou que será candidato a deputado porque quer dar sequência ao trabalho iniciado na Câmara, onde ele substituiu por alguns meses o ex-deputado Ronaldo Cunha Lima, que renunciou para não ser processado pelo Supremo pelo atentado contra o ex-governador Tarcísio Burity. Walter Neto foi cassado por infidelidade partidária.

“Integrei a Frente Parlamentar em Defesa da Vida e da Família e fiz parte da bancada evangélica”, disse o ex-deputado, que frequenta a Igreja Presbiteriana de Campina Grande. Ele gaarante que terá o apoio das igrejas Presbiteriana, Assembleia de Deus e Universal do Reino de Deus. “Tenho boa aceitação no meio evangélico pentecostal, neopentecostal e tradicional”, disse.

Indagado se não haverá conflito entre ele e seu pai, na disputa por votos de evangélicos, Walter Neto disse: “Não haverá problemas. Estamos em partidos diferentes e em lados opostos. As pessoas sabem diferenciar”. Walter Neto é aliado do senador José Maranhão e seu pai é aliado do grupo Cunha Lima e acompanha o prefeito de João Pessoa, Ricardo Coutinho. (ABS)

Edmilson e Rômulo não misturam

De raízes evangélicas, o vereador pessoense Edmilson Soares (PSB) será candidato a deputado estadual, mas prefere não misturar política com religião. Indagado sobre as disputas entre Philemon, Edvan e Walter Brito por redutos de igrejas, Edmilson disse que prefere não falar sobre a questão.
Toda a família de Edmilson é ligada à Igreja Presbiteriana de João Pessoa. Seu pai, Samuel Soares, foi presbítero na Igreja. “Quando o assunto é religião, prefiro não misturar com política”, disse.

O deputado federal Rômulo Gouveia (PSDB) também tem ligações evangélicas e tem contado, a cada eleição, com o apoio de fiéis e pastores de denominações diferenciadas. Ele frequenta a Igreja Batista, mas, assim como Edmilson Soares, prefere separar política de religião.
Um candidato evangélico que não quis se identificar, disse que o voto mais caro é o do crente. Segundo ele, os pastores prometem apoio, mas só transferem os votos deles e de seus parentes mais próximos.

“Eles oferecem o rebanho, mas as ovelhas não vem”, disse o candidato a deputado que não quis se identificar. Segundo ele, as ovelhas não obedecem aos pastores e cada ovelha pede um beneficio diferente. Por isso, o voto do evengélico sai tão caro”, frisou.
O pastor Jutahi Menezes, da Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd), disse que a Igreja deve apoiar candidatos a deputado estadual e federal, mas ainda não decidiu quem serão. (ABS)

Assembleia de Deus ainda decidirá

O pastor e ex-deputado estadual Fausto Oliveira está no páreo por uma das 36 vagas na Assembleia Legislativa da Paraíba, da mesma forma que os deputados Nivaldo Manoel (PPS) e Aguinaldo Ribeiro (PP) e o ex-deputado João da Penha (PMDB).

Nivaldo é deputado e vai disputar a reeleição. Também está em plena campanha pela reeleição, apesar da ameaça de cassação do seu mandato, pelo TRE, por infidelidade partidária. Ele disse que é ligado à Assembleia de Deus, é crente assíduo e tem história. “Nas últimas eleições, tive o apoio oficial da Assembleia de Deus. E estou procurando este apoio novamente”, comentou.

Sobre a briga entre Philemon, Edvan Carneiro e Walter Brito pelos votos os fiéis da Assembleia de Deus, ele respondeu: “A Assembleia de Deus, na pessoa do pastor José Carlos de Lima, nunca declara apoio a nenhum candidato”.

De acordo com Nivaldo, quem vai decidir que candidatos serão apoiados pela Igreja é a Comissão Política das Assembleias de Deus do Brasil, em momento oportuno. E os fiéis serão informados.

Ele disse que, quando há brigas por apoios, como está ocorrendo en-tre Philemon, Edvan e Walter Brito, o pastor José Carlos não se mete. “Ele é sábio e inteligente e não se mete nas brigas”, frisou, acrescentando que todos os candidatos têm o direito de pedir os votos dos fiéis.
João da Penha foi deputado estadual, eleito com apoio da Igreja Universal, da mesma maneira que Fausto Oliveira. Mas os dois se desvincularam da Igreja. E tentarão abocanhar parte dos fiéis evangélicos. (ABS)

Só dois padres estão no páreo

Pelo lado dos católicos, apenas dois padres estarão no páreo: Luiz Couto (federal) e Frei Anastácio (estadual). Eles não disputam o mesmo eleitorado, mas enfrentarão forte concorrência dos candidatos católicos sem batina, que é a grande maioria dos postulantes.
Aliás, como não têm altares para aparecer na celebração de missas, os candidatos católicos leigos aproveitam para faturar participando as festas de padroeiros e padroeiras pela Paraíba a fora. Vão às missas e procissões para aparecer diante dos eleitores. Alguns poucos participam das celebrações religiosas por convição e tradição.

Mas há ainda aqueles candidatos que não perdem uma oportunidade: ninguém sabe se são católicos ou evangélicos. Participam de tudo. Vão aos cultos nas igrejas evangélicas e participam de missas e procissões promovidas pela Igreja Católica. A idéia é faturar de qualquer jeito. Procuram atender pleitos das igrejas católicas e evangélicas. Além dos mais, não perdem casamentos, batizados, velórios, enterros, festas de padroeiros dos municípios e de emancipação política no interior.

Um bom exemplo de oportunismo político ocorre na cidade de Piancó, todos os anos, no mês de junho. Para lá, se dirigem políticos de todos os partidos e de todas as religiões por ocasião da festa do padroeiro, Santo Antônio. Vão à Igreja Matriz de Piancó para participar da missa e da procissão em homenagem ao santo. Mas o principal objetivo é aparecer diante do eleitorado. (ABS)

Segure o andor

Um fato curioso ocorreu na cidade de Juazeirinho no ano passado. No dia da festa do padroeiro, São José, em 19 de março, o prefeito Bevilacquia Matias chegou atrasado à procissão e não tinha mais lugar para ele no andor da imagem. Os lugares da frente do andor estavam ocupados pelo ex-prefeito Fred Marinheiro e por um assessor.

Bevilacqua não contou hitória. Mandou o assessor de Fred sair, mas o mesmo se recusou. O prefeito deu uma cotovelada no assesor do ex, obrigando-o a abandonar o andor. Houve um princípio de tumulto que foi abafado pelos cantos da multidão. Pouca gente presenciou o fato e o diálogo, nada amistoso, travado entre Bevilacqua e Fred. O prefeito, que encontrou o caos na administração, começou a falar, debaixo do santo: ladrão, voce me paga. E Fred: ladrão é você. (ABS)

Jornal Correio
 

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