A Câmara de Vereadores de Campina Grande retomou suas atividades esta semana. E o nível do discurso na Casa de Félix Araújo baixou de vez. Estarrecidos, vimos Ivonete Ludgério (PSB), mantida como líder da oposição, chamar o petista Perón Japiassu de burro, textualmente, e este, respondendo na mesma linha, dizer que se é um burro, Ivonete é uma égua. Eita!
Menos mal que a violência dos tratos ficou no campo dos relinchos, sem partir para os coices, até porque ainda que, para Ivonete, Perón seja um burro, este mostrou que não é cavalo para agredir uma mulher, mesmo que a tenha na conta de uma égua.
Ao fim, saíram todos de crina arriada, mansos, deixando-nos emburrecidos, a temer que pensem os nobres parlamentares ser este o comportamento devido a legisladores de grupos oponentes, de quem se espera mais produção e menos arenga e, quando necessária se fizer a elevação dos tons, que tal se dê em igualmente elevado padrão de gestos e falas.
Os planos de Wellington
O deputado federal Wellington Roberto (PR) tem duas metas para 2010: virar senador e eleger seu filho, Caio, deputado estadual. Para o primeiro objetivo, poderia aceitar aliança com qualquer grupo.
O problema é que, em chapa com Ricardo Coutinho (PSB), mesmo que o republicano quisesse (e diz não ser o caso) não haveria espaço. No grupo do governador José Maranhão, o mesmo problema, já que as duas vagas para candidatos a senador e a vaga de vice não vão dar pra quem quer.
Resta Cícero
Cícero Lucena (PSDB) já ofereceu, e Wellington Roberto até deu indicativos de que formaria chapa com o tucano, mas resta um porém: tal aliança dificulta bastante a eleição do Caio – aliás, o isolamento do PSDB dificulta os planos de muita gente. Além disso, a candidatura de Cícero Lucena se mantém na incerteza, o que desfavorece os planos do deputado republicano.
A saída
Ante o impasse, Wellington Roberto optou por uma cartada nova, investindo numa chapa independente, em aliança com uma dezena de partidos pequenos. Assim, juntando os poucos votos de todos, mais os votos do próprio PR, a aliança deve eleger pelo menos um deputado estadual. Caio seria o eleito, conforme a lógica de Wellington.
De quebra
Além disso, o PR poderia ficar bem na fita caso José Maranhão seja reeleito, ou mesmo ocorra de Cícero Lucena, contrariando tudo e todos, se tornar governador. Isso porque o PR será mais um partido a bater em Ricardo Coutinho durante a campanha.
Marcos Marinho
O nome dos sonhos de Wellington Roberto (e, nesse caso, de Zé Maranhão também), para encabeçar essa chapa como candidato a governador é Marcos Marinho (PTdoB). Inteligente e loquaz, Marinho seria um bom discurso a bater em Ricardo Coutinho.
Porém
O problema é que esse papel parece ser de um laranja, o sujeito que não tem chances de ser eleito, mas está ali para atacar um candidato específico. Marcos Marinho, embora amigo confesso de Maranhão, não é do tipo que se preste a papeis de laranja porque, gostem dele ou não, tem personalidade própria – e personalidade forte.
Quem procura…
Todavia, achar quem fique nessa posição não deve ser difícil. É só encontrar alguém que acredite poder tirar benefícios políticos estando “no mesmo grupo” de Wellington Roberto. E fazê-lo pensar que está sendo convidado porque é importante. Resolvido.