Áudios vazados mostram mais perguntas que respostas em transações articuladas por Cartaxo, Fulgêncio e Diego Tavares
Os áudios envolvendo as pessoas do prefeito Luciano Cartaxo, e dos secretários Adalberto Fulgêncio e Diego Tavares, respectivamente titulares das pastada da Saúde e Desenvolvimento Social, lançam mais dúvidas sobre a atual gestão municipal no tocante à transparência dos seus atos.
Em diálogo no mínimo estranho e passivo de questionamentos de toda ordem, o primeiro ponto diz respeito à preocupação em firmar um negócio aparentemente de forma ilícita. Palavras como medo, ficção e chantageando são incógnitas que margeiam o curso de toda a conversa.
Cifras milionárias sãos postas à mesa, como se fossem, elas, elementos de um grande balcão de negócios em um tabuleiro de xadrez escuso. Há, ao longo das discussões, uma ansiedade latente dos envolvidos que não deveria existir estando a legalidade presente.
Já no início do áudio pode-se ouvir certezas e dúvidas suspeitas advindas de Adalberto Fulgêncio para Luciano Cartaxo. Diz ele: “Eu tenho que falar com você por que tem alguns movimentos, pra gente não ter que falar depois e ficar com medo de tudo. Olha, tem reconhecimento de dívida lá, de algumas empresas, certo, pelo meu orçamento acho que só tem R$ 300 (trezentos) a 400 (quatrocentos) mil na 25 (vinte e cinto)”.
Afinal, que “movimentos” são esses que poderiam causar medo em um prefeito e no seu secretário de Saúde? Que dívidas são essas que precisam ser reconhecidas? Elas figuram no Portal da Transparência da Prefeitura? As cifras mencionadas foram, ou iriam ser pagas ou recebidas por quem? Quais são as empresas inseridas no diálogo?
Qual o motivo de Adalberto Fulgêncio pedir a Cartaxo autorizar a pagar R$ 1,5 milhões a um fornecedor chamado Kairós? O que se pode perceber, nessa negociação, é algo não condizente com atos de pagamentos realizados por uma gestão pública, havendo a figura do prefeito como intermediador “ supremo” nas negociações.
Cartaxo surge como figura nebulosa que não delibera administrativamente, e sim aponta decisões unilaterais, como um imperador romano que decide pela vida ou morte de um gladiador na arena.
E continuemos a incursão no diálogo, novamente questionando a fala de Luciano Cartaxo para Adalberto: “Mas a gente tem que pagar a mais pra poder pegar R$ 1 milhão”. Pagar o que, senhor prefeito? Pegar R$ 1 milhão de quem? E as dúvidas continuam.
E o que dizer dessa afirmativa digna da criptografia que resguardava os segredos da Alemanha Nazista pela máquina Enigma. Diz Fulgêncio: “Mas na zero zero é aquela história, a Sefin bota no fundo e eu pago pelo fumo”. No jargão popular regional, levar “fumo” é ser penalizado por alguém ou algo que fez de forma incorreta ou ilícita.
E segue Adalberto Fulgêncio demonstrando um misto de angústia e medo, como uma criança que comete algo grave a busca esconder a traquinagem dos pais.
“Na ficção não tem jeito. Eu quero uma coisa segura, morreu. Ficção só se fala, num tem condições, porque eu não tenho como pagar, eu não vou me trazer um problema não, as peças ficam me chantageando, eu digo meu amigo, faça o que você quiser”.
A dita “ficção” é um mistério, embora nosso Aurélio tenha definição para tal termo: 1 – Ato ou efeito de fingir. 2 – Invenção fabulosa ou engenhosa. E o que diz o vernáculo sobre chantagem? “Extorsão de dinheiro ou favores com ameaça de escândalo ou outras consequências nefastas, no caso de negativa”.
Pois bem, analisando e inquirindo toda a conversa, como disse no início, existem mais perguntas que certezas, embora possa afirmar que há algo podre no reino de Cartaxo, parafraseando o célebre romance de Shakespeare, Hamlet.
Por fim, insiro o questionamento de Diego Tavares: “Não é nem que é complicado, é que tem que pagar o mesmo”, seguido da inevitável pergunta: “pagar o que, e o motivo de tal pagamento”?
Eliabe Castor
PB Agora
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