Eu já tinha comentado aqui sobre uma demonstração de descrença do ex-governador Cássio Cunha Lima (PSDB) de que possa conseguir sucesso no Supremo Tribunal Federal – STF na análise do recurso que pede o deferimento de sua candidatura ao Senado. Foi quando ele e os aliados passaram a ser mais rígidos nas críticas ao Judiciário por conta a Lei Ficha Limpa e seus desdobramentos – que o prejudicaram substancialmente.
Na época, lembrei que, quando Cássio estava para perder o mandato de governador, sempre se saía com declarações de que confiava na Justiça, de que tinha fé, coisa e tal. De uma hora para a outra, ele e os aliados mais próximos passaram a criticar o Judiciário com mais veemência. Não deu outra e, poucos dias depois, veio a decisão final – sem grau de recurso – que o tirou do Palácio da Redenção.
Esta semana, uma declaração do tucano corroborou com o que já havíamos declarado aqui: Cássio, definitivamente, sabe que suas chances são poucas no STF. Estou dizendo poucas para depois não dizerem por aí que estou decidindo pelo Judiciário. Se não, dizia que são inexistentes.
Pois não é que Cássio defendeu a realização de novas eleições para Senador, na Paraíba? Isso mesmo. Querem demonstração mais clara de que o homem não confia mais no ‘taco’?
Para reforçar a tese que coloco aqui, lembro que a declaração de Cássio veio três dias após o Supremo ter negado o primeiro caso de político barrado pela Lei Ficha Limpa, que pedia para ser diplomado e empossado no dia 1º de fevereiro. O pedido foi negado pelo ministro Cezar Peluso, presidente do STF – e que muito provavelmente vai se estender para outros casos.
O caso envolve um político de Minas Gerais, Pedro Ivo Ferreira Caminhas. O partido de Caminhas, o PP, ingressou com ação cautelar no Supremo pedindo, via liminar, o direito de Caminhas ser diplomado como deputado estadual e, em seguida, empossado no próximo dia 1º de fevereiro.
O deputado teve o registro de sua candidatura negado pela Justiça Eleitoral de Minas Gerais pelo mesmo motivo de Cássio: com base na Lei da Ficha Limpa. Na decisão, o presidente César Peluzo declarou: “…firmar conclusão de que o Partido tem direito a uma cadeira na Assembléia Legislativa do Estado de Minas Gerais, por força da eleição de candidato com registro indeferido pela Justiça Eleitoral, é inviável no âmbito de cognição sumária. Ante o exposto, com fundamento no art. 13, VIII, do RISTF, indefiro o pedido…”.
Como se vê, realmente a situação de Cássio é complicada. ‘É mentira, Terta?’